[Editada por: Marcelo Negreiros]

O jornalista Vladimir Herzog na época em que trabalhou no ‘Estadão’ Foto: Jacques Mezger/Instituto Vladimir Herzog
O Instituto Vladimir Herzog e a Comissão Arns vão promover no próximo dia 25 de outubro a recriação histórica do ato inter-religioso em memória do jornalista Vladimir Herzog, na Catedral da Sé. O evento marca os 50 anos do assassinato de Vlado e homenageia também todas as vítimas da ditadura.
Será uma noite de forte simbolismo democrático, com manifestações inter-religiosas, presença de lideranças religiosas, familiares, parlamentares, autoridades e apresentações culturais – incluindo a leitura comovente de uma carta da mãe de Vlado, Zora Herzog, na voz de Fernanda Montenegro.
A acolhida começa às 19h, com o Coro Luther King.

Notícia do ato ecumênico por Vladimir Herzog no ‘Estadão’ de 1º/11/1975 Foto: Acervo Estadão
Vlado foi torturado e morto aos 38 anos nas dependências do Doi-Codi (Destacamento de Operações de Informações-Centro de Operações de Defesa Interna), reduto militar de inteligência e torturas do antigo II Exército em São Paulo.
O jornalista havia sido detido no dia anterior sob ‘suspeita’ de ligações com o Partido Comunista Brasileiro (PCB). Na época ele trabalhava na TV Cultura.
O Exército tentou montar uma farsa e alegou que Vlado se suicidara por enforcamento na cela.
A versão oficial foi desmascarada. Ainda em 1978, o então juiz federal em São Paulo Márcio José de Moraes, em uma sentença corajosa, condenou a União a indenizar Clarice, a mulher de Herzog.

Imagens de Vladimir Herzog do acervo digital do jornalista Foto: Acervo Vladimir Herzog
Dias depois do assassinato, foi celebrada a missa de sétimo dia por Vlado. Pelo menos oito mil pessoas, muitos jornalistas indignados e assustados, se aglomeraram na catedral e ao seu redor, sob olhares mal disfarçados e desafiadores de agentes do Dops (a Polícia Política do regime).
Para tentar conter e impedir a multidão de chegar à Sé, forças policiais fizeram barreiras em todo o centro da cidade, cordões de soldados se estenderam para intimidar amigos de Vlado. Um aparato extraordinário. Era a Operação Gutemberg, manobra em vão dos militares.
O ato na Sé foi conduzido por líderes religiosos – D. Paulo Evaristo Arns, o rabino Henry Sobel e o reverendo Jaime Wright, com o apoio do jornalista Audálio Dantas, então presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.

Missa de Vladimir Herzog na Catedral da Sé, em 31 de outubro de 1975 Foto: Acervo Estadão
Cinco décadas depois, o novo ato inter-religioso será dedicado não apenas à memória de Herzog, mas também a todas as famílias que perderam entes queridos para a ditadura.
Manifestações serão apresentadas por Dom Odilo Pedro Scherer, da reverenda Anita Wright – filha de Jaime Wright – e do rabino Ruben Sternschein.
Performances culturais serão realizadas no interior da catedral com a exibição de vídeos.
Amigos e familiares de Vlado, parlamentares, ministros e nomes importantes do combate ao regime dos generais, como o advogado José Carlos Dias, vão ao ato.

Notícia da morte de Vladimir Herzog no ‘Jornal da Tarde’ de 27/10/1975 Foto: Acervo Estadão
O Instituto Vladimir Herzog também produziu um dossiê com um resumo da trajetória de Vlado, acompanhado de links para o Acervo do IVH, onde é possível acessar fotos, documentos e detalhes sobre a história do jornalista.
[Por: Estadão Conteúdo]
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