A escalada do crime organizado ameaça até nossos alimentos

[Editada por: Marcelo Negreiros]

Esse não é um crime periférico. Ao longo de mais de uma década, investigações conduzidas pelo Gaeco em Franca (SP) revelaram que o PCC se infiltrou de maneira sistemática no mercado clandestino de defensivos agrícolas. Operações como Lavoura Limpa (2014), Princípio Ativo (2020), QR Code (2020), Piratas do Agro (2022) e Castelo de Areia (2024) desbarataram uma rede organizada em pelo menos nove núcleos distintos, dentre eles: falsificação de rótulos, corrupção de agentes públicos, produção de galões, tampas e lacres, emissão de notas fiscais frias, logística de distribuição e capilaridade no campo.

Em julho deste ano, numa chácara no interior paulista, a investigação apreendeu 30 mil embalagens falsificadas prontas para uso, entre elas quase 20 mil galões de diferentes tamanhos, 10 mil garrafas de um litro, 17 mil tampas e matrizes para impressão. Havia até uma arma de fogo no local. O prejuízo estimado ao setor formal, apenas nesse episódio, ultrapassou R$ 30 milhões. Esses números mostram que o crime já não atua de forma improvisada: estruturou-se para concorrer diretamente com o mercado legal.

A engrenagem é internacional. Insumos e precursores químicos entram sobretudo pelo Paraguai, Uruguai e China. A logística de contrabando é refinada, utilizando rotas conhecidas do tráfico e criando canais permanentes de abastecimento. O resultado é devastador: agricultores desavisados acabam aplicando agrotóxicos sem registro, contaminando solos e águas, expondo trabalhadores e consumidores a riscos incalculáveis. Além do envenenamento silencioso, há evasão fiscal bilionária e desmonte da competitividade de empresas que operam dentro da lei.

[Por: Estadão Conteúdo]

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