A estratégia da Taurus para evitar o tarifaço de Trump

[Editado por: Marcelo Negreiros]

A indústria de armas e munições do Brasil se mobiliza nos bastidores para enfrentar os impactos do tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Oeste apurou que executivos da Taurus, principal fabricante nacional de armamentos, estão em articulação com autoridades brasileiras para viabilizar alternativas à medida imposta por Washington.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), participa das conversas porque a principal fábrica da Taurus no Brasil está localizada em São Leopoldo (RS). Apenas a unidade gaúcha emprega diretamente quase 3 mil pessoas. Estima-se que a cadeia produtiva ligada à fábrica — incluindo fornecedores, serviços, transporte e comércio — envolva até 15 mil empregos. Essas atividades geram aproximadamente R$ 520 milhões em exportações, o que equivale a 4,7% do PIB municipal.

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Também participam das articulações o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o ministro da Defesa, José Mucio. Apesar das declarações recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem se mostrado reticente em dialogar com Trump, integrantes do alto escalão do governo federal se mobilizam para evitar o colapso da indústria bélica brasileira.

Indústria dos EUA quer frear a Taurus

A Taurus tem presença consolidada no mercado norte-americano e opera também com unidade própria no Estado da Geórgia. Nos últimos anos, a empresa tornou-se uma das maiores fornecedoras de revólveres para o consumidor daquele país e ocupou espaço em um mercado competitivo e com forte lobby da indústria local.

Oeste apurou que fabricantes de armas nos EUA pressionam o governo Trump para frear a ascensão da Taurus. O argumento é que a empresa brasileira, com produção mais barata e participação crescente, estaria prejudicando os negócios locais. O tarifaço, nesse caso, funciona como um mecanismo de proteção indireta para a indústria norte-americana, que vê na taxação uma forma de conter a concorrência estrangeira.

Apenas em 2024, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, mais de 60% das exportações brasileiras de armas e munições tiveram como destino os EUA. Mais da metade dessas vendas partiram do Rio Grande do Sul.

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Em busca de alternativas

Em comunicados recentes ao mercado, a Taurus já havia indicado a possibilidade de transferir parte ou toda a sua produção para os EUA, caso as tarifas se tornem inviáveis para as exportações brasileiras. Internamente, a empresa calcula que os custos adicionais podem comprometer sua competitividade diante de rivais que operam sem taxação local.

Enquanto busca alternativas com as autoridades brasileiras, a fabricante também articula medidas de médio prazo, que incluem o fortalecimento de sua operação em solo norte-americano e a diversificação dos mercados consumidores — especialmente na Ásia, na África e na América Latina.

As consequências do tarifaço de Trump

A imposição das tarifas por Trump ocorre em meio a uma nova escalada de tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Embora o presidente norte-americano já tenha adotado medidas semelhantes no passado, o novo pacote anunciado em julho tem potencial para atingir setores estratégicos da economia brasileira — incluindo os de defesa, mineração, aço e alimentos processados.

No caso das armas, o impacto é duplo: além da perda de mercado, há risco de desaceleração da produção interna, corte de empregos e desinvestimento em Estados industriais, como o Rio Grande do Sul e São Paulo.

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[Oeste]

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