É consenso entre aliados de Tarcísio de Freitas (Republicanos) a leitura de que o governador tenta ganhar tempo e dividir o ônus de presidenciável da direita ao anunciar que disputará a reeleição em São Paulo. O recuo tático, porém, atiçou o apetite dos seus rivais desse campo político, que desejam sair do segundo plano. A um ano da eleição, há outras cinco lideranças conservadoras em busca de consolidar seu nome para herdar ou tomar o espólio eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Além de Tarcísio, que não assumiu a pré-candidatura, tentam se colocar como alternativas à direita os governadores: Eduardo Leite (PSD-RS), Ratinho Júnior (PSD-PR), Romeu Zema (Novo-MG) e Ronaldo Caiado (União-GO). Há ainda quem coloca seu nome como alternativa, mesmo sem perspectiva de angariar apoio amplo, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Já o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem considerado positiva a constelação de nomes da direita. O Planalto avalia que Tarcísio queimou a largada ao entrar em pautas que podem lhe tirar votos, como o apoio aos Estados Unidos em meio ao tarifaço e os ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF). Quanto aos demais governadores, petistas acreditam que eles não possuem o mesmo recall do gestor paulista e têm um caminho mais longo para se tornarem conhecidos.
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O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em reunião no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo
Dirceu Aurelio/Governo de MG2 de 6
Governador Tarcísio de Freitas em evento na cidade de Araçatuba
João Valério/Governo de SP3 de 6
Ratinho Junior vai se reunir com presidente do Paraguai para debater exportações
Alan Santos / PR4 de 6
Caiado comemorou desembarque do União Brasil do governo Lula
Vinícius Schmidt/Metrópoles5 de 6
Reprodução de vídeo de Isabella Cavalcante6 de 6
O deputado federal Eduardo Bolsonaro
Reprodução/TVM
A posição de “favorito” da direita ainda lhe rendeu dores de cabeça com a família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem foi ministro da Infraestrutura. Uma ala do Centrão tentou convencer o ex-mandatário a declarar logo apoio ao governador, mas o movimento esbarrou em Eduardo.
O deputado, autoexilado nos EUA em busca de ajuda do governo Trump ao pai, reclamou e disse que concorreria à Presidência em 2026 se o pai não estiver nas urnas. A divisão interna na família Bolsonaro e as reclamações de posturas recentes fizeram Tarcísio anunciar que disputaria a reeleição. Os próprios aliados, porém, dizem que a decisão não é final, e que ele deve submergir para deixar de ser vidraça.
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Nesse sentido, espera-se que os demais governadores aproveitem o espaço para se consolidarem. No PSD, Eduardo Leite e Ratinho Júnior disputam internamente a pré-candidatura. Mas o governador do Paraná é amplo favorito a ser escolhido pelo partido, pois está na sigla há mais tempo e tem um projeto há mais tempo na rua. O gaúcho tentou concorrer à Presidência em 2022 pelo PSDB, mas não conseguiu em meio a embates internos entre os tucanos.
Tarcísio
O governador de São Paulo vive um dilema: tentar concorrer à Presidência em 2026 numa disputa contra Lula, político que mais venceu eleições nacionais no Brasil e que chega às vésperas do ano eleitoral com fôlego renovado; ou permanecer em São Paulo onde tem uma reeleição considerada garantida, e deixar pretensões maiores para 2030.
O apelo para 2026 era maior antes da condenação de Bolsonaro, pois o ex-chefe poderia tentar concorrer à Presidência em 2030 e inviabilizar uma candidatura de Tarcísio. Com o ex-presidente condenado, aliados consideram que há perspectiva de espera.
Ratinho Júnior
O governador do Paraná tem conseguido angariar forças diante da reticência de Tarcísio. Filiado ao PSD de Gilberto Kassab, ele está em seu segundo mandato e tem “vida própria” para além de Bolsonaro. É uma característica rara entre os pré-candidatos da direita, destacam aliados.
Ratinho tem discurso conservador e tenta estabelecer ligações mais próximas ao agronegócio. Recentemente, divulgou um vídeo feito por Inteligência Artificial, no qual luta contra problemas como “contas no vermelho”, “mordomia” e “crime”.
Ronaldo Caiado
Também em seu segundo mandato, o governador de Goiás já foi próximo a Bolsonaro. Esteve com o ex-presidente em manifestações na Avenida Paulista, mas passou a se distanciar do ex-mandatário visando estabelecer uma identidade própria fora do seu estado.
Sua principal bandeira de campanha é a segurança pública. A diminuição no número de roubos chega a 60%, se comparado o primeiro trimestre de 2025 com o de 2018. Mas tal vitrine é constantemente manchada por denúncias de letalidade e abusos policiais.
Eduardo Leite
O governador do Rio Grande do Sul deixou o PSDB e desembarcou no mesmo PSD de Ratinho visando concorrer à Presidência. Apesar disso, a sigla avalia que o governador do Paraná é o favorito a ser bancado pela sigla para disputar o Planalto.
O destino provável de Leite é concorrer ao Senado, já que não pode mais disputar a reeleição.
Romeu Zema
O governador de Minas Gerais enfrenta algumas dificuldades no campo da direita. É filiado ao Novo, partido sem recursos ou bases eleitorais consolidadas fora do estado, e ao mesmo tempo não conta com simpatia do eleitorado bolsonarista.
Eduardo Bolsonaro
O deputado federal afirmou que será candidato à Presidência da República em 2026 caso o pai esteja de fato fora das eleições. Além de condenado a 27 anos e 3 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro foi considerado inelegível até 2062.
Apesar de ser visto como “inviável” por partidos mais ao cetro e à esquerda, uma candidatura de Eduardo poderia atrapalhar qualquer outro candidato. Caciques calculam que o deputado tenha cerca 20% de apoio, com possibilidade de parte desse eleitorado anular o voto se não restar alguém com o sobrenome Bolsonaro nas urnas.
[Metrópoles]
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