A bancada evangélica no Congresso Nacional começou a se movimentar em torno da indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF). Uma ala desse grupo, a despeito de classificar-se como oposição, apoiará o escolhido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a cadeira deixada pelo ministro aposentado Luís Roberto Barroso na Corte.
A articulação ocorre enquanto o governo tenta mapear o ambiente no Senado após a indicação, feita por Lula na quinta-feira (20/11). A tarefa de garantir os 41 votos necessários é árdua, porque esbarra no descontentamento do presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), com a preferência do petista por Messias, em detrimento ao senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga.
6 imagens



Fechar modal.![]()

Lula e Jorge Messias
Reprodução/Ricardo Stuckert
O AGU Jorge Messias
BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakifoto
O AGU Jorge Messias
BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakifoto
O advogado-geral da União, Jorge Messias
BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakifoto
BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto
O ministro da AGU, Jorge Messias, em entrevista ao Metrópoles
BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto
Parte dos senadores evangélicos avalia que Messias, fiel dessa religião desde a infância, pode ser um nome dialogável, o que abre espaço para a construção de votos. Um deles afirma, de forma reservada, que há consenso em uma ala da bancada nesse sentido. A votação é secreta, o que impede eventuais retaliações a senadores bolsonaristas que votem a favor do escolhido de Lula.
Leia também
Tese de Messias isenta Dilma de responsabilidade por crise de 2015
“Será um grande ministro”, diz Ibaneis sobre indicação de Messias ao STF
Messias aposta em boa relação com Centrão e direita para chegar ao STF
Messias ganha ajuda de mais um ministro de Bolsonaro no STF
Apesar disso, a movimentação não é unânime. Outra corrente dentro da bancada evangélica sustenta que não há condições de votar favoravelmente ao nome de Messias nas circunstâncias atuais, dada a insatisfação de Alcolumbre. Na esteira das articulações, a Frente Parlamentar Evangélica deverá se reunir na próxima semana para discutir coletivamente a posição.
A vice-presidente da Frente Parlamentar Evangélica no Senado, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), disse ao Metrópoles que o grupo só vai fechar posição após debate interno: “A frente parlamentar vai se reunir na semana que vem para discutir isso […] Nós teremos dias de grandes conversas, de grandes diálogos”, relatou.
A mobilização da bancada ocorre em um momento em que o Planalto tenta consolidar votos após o aperto na recondução de Paulo Gonet à Procuradoria-Geral da República (PGR), aprovado por apenas quatro votos acima do mínimo exigido. A avaliação no governo é de que o resultado expôs um Senado imprevisível e que nenhuma indicação deve ser tratada como garantida.
Embora Messias tenha reforçado nos últimos dias que a atuação no STF seria técnica e livre de orientações ideológicas ou religiosas, a presença de parte da oposição dentro do grupo evangélico traz imprevisibilidade às tratativas. A FPE costuma atuar de forma coordenada em pautas de costumes e sabatinas, o que dá peso ao posicionamento coletivo.
Como mostrou o Metrópoles, aliados afirmam que Messias pretende repetir a estratégia que aplicou à frente da AGU, circulando por diferentes grupos políticos, evitar atritos com bancadas conservadoras.
Messias precisará de 41 votos no plenário para ser aprovado. A reunião da Frente Evangélica, assim como a aferição da ala que tende a apoiá-lo e o peso das resistências internas, deve se tornar um dos principais termômetros da corrida política nas próximas semanas.
[Metrópoles]
Descubra mais sobre
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.
