[Editado por: Marcelo Negreiros]
O Estado do Amazonas enfrenta, em 2025, uma cheia atípica. Ao menos 534 mil pessoas foram afetadas e 40 municípios estão em situação de emergência. O Rio Negro, em Manaus, alcançou 29 metros na sexta-feira 4, e superou o volume usual para julho.
+ Leia mais notícias do Brasil em Oeste
O Serviço Geológico do Brasil (SGB) informou que, mesmo com a elevação, o Rio Negro não deve atingir o recorde de 30 metros observado em 2021. Além de Manaus, cidades como Itacoatiara, Manacapuru e Parintins também registram níveis elevados em seus principais rios, segundo dados da Defesa Civil estadual.
Veja abaixo as cotas dos rios em municípios do Amazônas:
- Fonte Boa (Médio Solimões)
- Cota atual: 21,57 metros
- Cota mínima registrada: 7,12 metros (em 2024)
- Manacapuru (Baixo Solimões)
- Cota atual: 19,75 metros
- Cota mínima registrada: 2,06 metros (em 2024)
- Itacoatiara (Médio Amazonas)
- Cota atual: 14,42 metros
- Cota mínima registrada: -0,14 metro (em 2024)
- Parintins (Baixo Amazonas)
- Cota atual: 8,42 metros
- Cota mínima registrada: -2,68 metros (em 2024)
- Manaus (Rio Negro)
- Cota atual: 29,04 metros
- Cota mínima registrada: 12,11 metros (em 2024)
Chuvas intensas no Amazonas
O SGB atribui a permanência dos altos níveis à combinação de chuvas intensas no norte da bacia amazônica e ao represamento provocado pelo Rio Solimões, que ainda está elevado. O cenário impede o escoamento das águas do Rio Negro, o que gera estabilidade nas cotas em toda a região.


“Nesse momento, estamos com chuvas concentradas na parte norte da bacia, o que inclui sub-bacias como a do Rio Negro e do Branco”, explicou Jussara Cury, superintendente regional do SGB, ao portal g1. “O volume de água é represado pelos níveis ainda altos do Solimões. Como os dois rios se encontram na região metropolitana de Manaus, o Rio Negro acaba ficando parado, sem conseguir escoar.”
Cidades próximas a Manaus, como Manacapuru e Itacoatiara, também apresentam níveis elevados. Isso dificulta o começo da vazante em todo o percurso do rio.
“Temos registros de cotas acima de 29 metros não só em Manaus, mas também em Manacapuru e Itacoatiara”, esclareceu Jussara. “Isso mostra estabilidade dos níveis em toda essa área da bacia, dificultando o começo da vazante.”


A presença de chuvas durante julho, considerada incomum, já havia sido prevista nos boletins climáticos, em razão da influência de umidade vinda do Atlântico.
“As chuvas agora em julho parecem atípicas, mas estavam previstas nos boletins climáticos”, disse a superintendente. “Elas são influenciadas pelo Atlântico, que tem trazido mais umidade para a região.”
Ações emergenciais no Amazonas
O padrão observado em 2025 remete a episódios registrados em 2014 e 2009, quando as cheias também se prolongaram além do esperado. “O ano mais próximo em que tivemos um pico de cheia tão tardio foi 2014, quando o rio também ficou parado por alguns dias em julho com cotas altas”, afirmou Jussara. “Outro caso foi 2009, que até pouco tempo era considerada a segunda maior cheia da região.”
Segundo o Comitê Permanente de Enfrentamento a Eventos Climáticos e Ambientais, o número de famílias atingidas chega a 133 mil. Todas as nove calhas de rios do Estado permanecem em cheia.
O governo estadual já distribuiu 580 toneladas de cestas básicas, 2,4 mil caixas d’água de 500 litros, 57 mil copos de água potável, dez kits purificadores e uma estação móvel de tratamento de água.
Cheia afeta sistema de educação no Estado
No campo da educação, 444 alunos de quatro municípios — Anamã, Itacoatiara, Novo Aripuanã e Uarini — estão em aulas remotas pelo programa “Aula em Casa”, em virtude das consequências da cheia nas localidades.
Na capital, ações emergenciais abrangem bairros como Educandos, São Jorge, Matinha, Presidente Vargas e Mauazinho. No Educandos, mais de 800 metros de pontes provisórias garantem o acesso a serviços essenciais. A entrega de cestas básicas, kits de higiene e água potável está programada para a próxima semana.


Segundo a Defesa Civil de Manaus, não há necessidade de remoção de moradores, já que as estruturas temporárias oferecem condições seguras de mobilidade. A prefeitura monitora a zona rural e planeja entregar mais de 15 mil moradias até 2029, parte delas para famílias em áreas de risco.
O Centro de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil estadual mantém o acompanhamento constante dos rios. Em caso de emergência, a população pode buscar auxílio pelo número 199 ou pelo telefone (92) 98802-3547.
Leia também:
[Oeste]
Descubra mais sobre
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.