[Editada por: Marcelo Negreiros]
Divórcio brasileiro surgiu com clareza no julgamento de Bolsonaro
Não se trata de uma divergência entre esquerda ou direita, mas sobre o sentido da regra em uma democracia republicana. Crédito: Fernando Schüler / Estadão
A aprovação de uma anistia que livrasse o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) da condenação por tentativa de golpe de Estado é rejeitada por 54% dos brasileiros, aponta pesquisa Datafolha divulgada nesse sábado, 13. Segundo o levantamento, 39% apoiam o perdão ao ex-presidente, 2% se dizem indiferentes ao tema e 4% não responderam.
Jair Bolsonaro cumpre prisão domiciliar em Brasília Foto: Wilton Junior/Estadão
Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de pena privativa de liberdade. Além do ex-presidente, a maioria dos réus recebeu penas altas.
- Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil), 26 anos em regime inicial fechado;
- Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), a 24 anos em regime inicial fechado;
- Almir Garnier (ex-comandante da Marinha), a 24 anos em regime inicial fechado;
- Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional), a 21 anos em regime inicial fechado;
- Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa), a 19 anos em regime inicial fechado;
- Alexandre Ramagem, 16 anos e 1 mês, em regime inicial fechado;
- Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro), pena de 2 anos em regime aberto.
Apoiadores de Bolsonaro pressionam por anistia “ampla, geral e irrestrita”, que pudesse alcançar o ex-presidente, condenado como “líder” da tentativa de ruptura institucional. Por outro lado, um texto alternativo, com redução de penas dos executores, mas sem extensão aos mandantes, é elaborado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
Uma minuta do projeto pretendido por bolsonaristas indicava perdão completo a todos os alvos de investigações do STF por atos antidemocráticos desde 2019, quando a Corte instaurou o inquérito das fake news.
Desde então, outras investigações foram assumidas pelo ministro Alexandre de Moraes. Como mostrou o Estadão, essa teia de investigações esteve presente na denúncia da PGR que acabou condenando Bolsonaro e mais sete aliados pela tentativa de golpe.
Ainda segundo o Datafolha, a maioria dos brasileiros também rechaça qualquer tipo de perdão aos condenados pela invasão e depredação dos prédios públicos: 61% se dizem contrários a anistiar os executores dos atos golpistas, enquanto 39% são a favor, 2% são indiferentes e 4% não responderam.
A invasão à Praça dos Três Poderes resultou em 1.628 ações penais no STF, com 638 condenações. Destas, 279 foram por delitos de maior gravidade, enquanto 359 foram por crimes menos graves. Para condutas ainda menos graves, foram assinados 552 acordos de não persecução penal (ANPPs).
[Por: Estadão Conteúdo]
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