[Editada por: Marcelo Negreiros]
Proibido de usar redes, Bolsonaro aparece em vídeo no perfil de Flávio
Crédito: @flaviobolsonaro via Instagram
Antes de ter a prisão domiciliar decretada nesta segunda-feira, 4, pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) passou 17 dias cumprindo medidas cautelares. No período, Bolsonaro manteve a agenda política ativa, com presença em reuniões do Partido Liberal (PL), participação em motociata em Brasília e aparição em live na manifestação do domingo, 3, com ataques à Corte.
No dia 18 de julho, Jair Bolsonaro foi alvo de operação da Polícia Federal (PF) e ficou submetido a medidas cautelares, incluindo uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar durante a noite e aos finais de semana e proibição de utilizar as redes sociais próprias ou veicular conteúdos em perfis de terceiros.

Vídeo de Jair Bolsonaro, compartilhado por Flávio Bolsonaro, foi entendido como desrespeito às medidas cautelares do STF Foto: @flaviobolsonaro via Instagram
Enquanto estava sob restrições, Bolsonaro participou diariamente de reuniões com aliados na sede do PL, na capital federal. No dia 21 de julho, quatro dias após a determinação do STF, o ex-chefe do Executivo mostrou a tornozeleira eletrônica a jornalistas depois de uma reunião com deputados e senadores da oposição na Câmara dos Deputados.
As imagens foram compartilhadas em redes sociais de apoiadores e integrantes do PL, e o ministro Alexandre de Moraes pediu explicações para a defesa do ex-presidente.
Em resposta, os advogados disseram que Bolsonaro não teve a intenção de burlar medidas cautelares, e Moraes entendeu que foi uma “irregularidade isolada” e não converteu cautelares em prisão.
Nos dias seguintes, Bolsonaro seguiu participando de reuniões com aliados, mas evitou dar declarações públicas. “Vocês sabem que eu não posso falar”, respondeu a jornalistas na sede do PL. “Tem censura no Brasil ou não?”, respondeu o ex-presidente ao ser questionado no dia 30 de julho sobre a prisão da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).
Em 29 de julho, Bolsonaro compareceu a um evento de motociclistas em Brasília. A motociata com a presença do ex-presidente foi divulgada pelo Partido Liberal e por aliados políticos nas redes sociais. “Momento histórico ao lado do nosso eterno presidente”, dizia publicação da sigla.
Na ocasião, Bolsonaro ficou menos de 30 minutos no evento e não discursou. O ex-chefe do Executivo estava acompanhado do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Eles subiram em um carro de som e foram ovacionados pelos apoiadores.
Cinco dias depois, no domingo, manifestantes se reuniram em diversas cidades do Brasil em ato em apoio ao ex-presidente e com ataques ao STF e ao ministro Alexandre de Moraes. Bolsonaro participou, por telefone, dos atos no Rio de Janeiro e em São Paulo. As videochamadas foram transmitidas por terceiros nas redes sociais de aliados, inclusive do seu filho Flávio, que apagou o post posteriormente.
“Boa tarde Copacabana, boa tarde meu Brasil, um abraço a todos. É pela nossa liberdade, estamos juntos. Obrigado a todos, é pela nossa liberdade, pelo nosso futuro, pelo nosso Brasil. Sempre estaremos juntos. Valeu”, disse Bolsonaro, se dirigindo aos manifestantes, no vídeo publicado pelo filho.
Nesta segunda, Moraes determinou a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, por descumprimento das medidas cautelares impostas a ele pela veiculação de conteúdos nas redes sociais de terceiros.
Na decisão, Moraes afirmou que “agindo ilicitamente, o réu Jair Messias Bolsonaro se dirigiu aos manifestantes reunidos em Copacabana, no Rio de Janeiro, produzindo dolosa e conscientemente material pré-fabricando para seus partidários continuarem a tentar coagir o Supremo Tribunal Federal e obstruir a Justiça, tanto que, o telefonema com seu filho, Flávio Nantes Bolsonaro, foi publicado na plataforma Instagram”.
O ministro também disse que “o réu Jair Messias Bolsonaro realizou ligação telefônica, por chamada de vídeo, com seu apoiador político e deputado federal Nikolas Ferreira, demonstrando o desrespeito a decisão proferida por esta Suprema Corte, em razão do claro objetivo de endossar o tema da manifestação de ataques ao STF”, escreveu Moraes, sobre o parlamentar do PL de Minas Gerais.
Moraes determinou a proibição de visitas a Bolsonaro, salvo dos advogados do ex-presidente e com procuração nos autos, além de outras pessoas previamente autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal. Também vetou o uso de celular, diretamente ou por meio de terceiros.
[Por: Estadão Conteúdo]
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