Às vésperas de tarifaço de Trump, governo Lula pode favorecer indústria chinesa de automóveis

[Editada por: Marcelo Negreiros]

Indústria automotiva vai rever investimentos de R$ 180 bilhões se governo aceitar pleito da BYD

Crédito: Roseann Kennedy/Estadão

Às vésperas da implantação das tarifas de 50% anunciadas pelo governo Donald Trump sobre as exportações brasileiras, o governo Lula pode beneficiar a indústria chinesa de automóveis no Brasil. Na próxima quarta-feira, 30, está programada uma reunião extraordinária do Comitê Executivo de Gestão, da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex), para deliberar sobre pleitos da empresa chinesa de automóveis BYD. O colegiado é composto por integrantes de 11 ministérios.

Em fevereiro, a BYD pediu ao governo a redução de imposto de importação dos kits SKD (Semi Knocked Down, ou literalmente semipronto) e CKD (Completely Knocked Down), de 5% para carros elétricos e 10% para híbridos. Hoje, as taxas estão em 20% para híbridos e 18% para elétricos. Os sistemas que trazem os carros quase prontos para o País serão usados na fábrica da BYD em Camaçari, na Bahia.

Interlocutores do governo negam haver relação da data da reunião da Gecex-Camex com o tarifaço de Trump, programado para vigorar a partir de sexta-feira, 1º de agosto.

A deliberação ocorre num momento em que a BYD começa a rever os planos de produção na Europa por causa da baixa procura por carros elétricos. A marca chinesa vai começar a produzir na fábrica em Szeged, na Hungria, a partir de 2026, mas em ritmo mais lento que o previsto inicialmente.

Lula programa viagem à fabrica da BYD em agosto

A despeito das críticas feitas pela indústria automotiva no País, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, no início de julho, que a BYD está fazendo “uma revolução na indústria automobilística brasileira”.

“Pouca gente esperava, depois da falta de respeito que a Ford teve com a Bahia e o Brasil, que a gente fosse colocar uma empresa chinesa para fazer uma revolução na indústria automobilística brasileira”, disse o presidente Lula, numa entrevista à TV Bahia. E anunciou que deve ir a Camaçari em agosto para a inauguração de fato da fábrica.

A empresa chinesa iniciou as operações na fábrica em Camaçari no final de junho. No local, vai produzir dois de seus modelos de maior volume, o hatch Dolphin Mini e o SUV médio Song Pro, ambos elétricos. Eles deverão ser os primeiros carros elétricos produzidos no Brasil.

Entretanto, inicialmente, os carros serão montados em regime de CKD, ou seja, virão prontos da China, apenas para serem montados aqui. E a empresa tenta baixar o valor de importação dos kits. A estratégia é alvo de críticas da indústria nacional, que se uniu para tentar evitar a redução tarifária.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), federações de indústrias de oito estados e 17 sindicatos de trabalhadores enviaram aos ministros Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) e Rui Costa (Casa Civil) cartas manifestando-se contrariamente contrários à mudança nas taxações dos kits chineses para a montagem dos veículos.

Em entrevista à Coluna do Estadão, o presidente da Anfavea, Igor Calvet, afirmou quea indústria automotiva brasileira vai rever investimentos de R$ 180 bilhões, previstos até 2030, caso o governo aceite a demanda da BYD pela redução tarifária.

BYD abre fábrica em Camaçari Foto: BYD/Divulgação

[Por: Estadão Conteúdo]

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