Bandeira errada, dia errado: protagonismo de símbolo dos EUA no 7 de setembro é rejeitado nas redes

[Editada por: Marcelo Negreiros]

No dia em que o Brasil comemorou sua independência, o símbolo que dominou a Avenida Paulista foi o de outra nação. A enorme bandeira dos Estados Unidos, exibida em destaque, soou como uma tentativa de reforçar proximidade com Donald Trump e de sustentar a lógica de que pressões externas podem influenciar os rumos da política nacional.

A escolha, porém, carrega um paradoxo. O mesmo Trump que é celebrado por parte dos manifestantes foi responsável por taxações que prejudicam o comércio de produtos brasileiros e atingem cadeias produtivas inteiras. A mensagem – em azul, branco e vermelho – se sobrepôs ao verde e amarelo e acabou reforçando a lembrança de que o tarifaço afeta a economia real, e, sobretudo, as famílias que dependem desse comércio para manter renda e estabilidade.

Dados da AP Exata -Inteligência Digital, baseados em 27 mil publicações no X e Instagram, feitas neste domingo,7, traduzem essa percepção, revelando que 64,4% das menções à presença da bandeira norte-americana no protesto foram negativas, 21,6% positivas e 9% neutras.

O impacto político foi imediato. A imagem circulou com rapidez e se tornou o enquadramento dominante. Para muitos, a cena não celebrou a independência e acabou reforçando a percepção de uma subserviência inadequada.

Essa leitura teve grande peso no eleitorado moderado, que busca estabilidade e diplomacia. Além disso, perante a classe média não houve ganhos concretos na apologia às pressões externas, apenas mais insegurança sobre o futuro da economia e sobre a capacidade do País encontrar soluções próprias.

Assim, enquanto a base bolsonarista mais fiel celebrou a escolha, o centro se afastou. Ao mesmo tempo, governistas exploraram o episódio como exemplo de ataque à soberania, reafirmando que o Brasil possui instituições sólidas e que é no voto que a população define os rumos da nação.

O resultado é que o protagonismo da bandeira alheia atrapalhou o principal objetivo dos conservadores, que era, sobretudo, ressaltar na manifestação valores como liberdade, equilíbrio entre os poderes e confiança na democracia. A presença ostensiva de um símbolo estrangeiro acabou ofuscando essa mensagem e deixou no ar uma questão que os idealizadores dessa “homenagem” a Trump deveriam refletir: em uma data que simboliza soberania, qual sinal é transmitido quando outro país ocupa o lugar central da cena?

[Por: Estadão Conteúdo]

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