A condução da Câmara dos Deputados pelo paraibano Hugo Motta tem enfrentado dificuldades para definir uma agenda clara de votações. No comando de um Parlamento frequentemente envolvido em temas polêmicos, Motta corre contra o tempo para tentar encerrar o semestre com algum saldo positivo.
Uma das principais frustrações envolve a proposta de anistia aos presos pelos atos de 8 de janeiro de 2023. O tema, que ganhou apoio de setores conservadores e foi defendido pelo próprio Motta, acabou sendo deixado de lado após pressões políticas e institucionais, incluindo um jantar com o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e uma viagem oficial internacional com Presidente Lula.
Para muitos, Motta perdeu a chance de mostrar firmeza e representar os anseios de uma parcela da população que reivindica a liberdade de manifestantes detidos, considerados por esses grupos como presos políticos. Críticos afirmam que, ao recuar, ele demonstrou fragilidade diante do sistema que deveria desafiar.
A discussão sobre a anistia, embora frequentemente confundida com um possível perdão ao ex-presidente Jair Bolsonaro, se concentra — segundo seus defensores — na libertação de cidadãos que teriam sido manipulados por falsas promessas e lideranças políticas e militares. A alegação é de que muitos foram atraídos a Brasília em janeiro de 2023 acreditando estar participando de um ato legítimo, quando na verdade se viram envolvidos em uma crise institucional histórica.
Entre os que lamentam a postura do parlamentar, há quem o conheça pessoalmente e ressalte sua formação católica e valores familiares. Pessoas próximas relatam a frequência da família nas missas dominicais e a devoção à fé cristã como pilares de sua trajetória. Sua mãe é vista constantemente nas missas do domingo. Seu pai, prefeito de Patos-PB, é devoto da Mãe Rainha, onde conserva uma imagem em seu gabinete.
Para esses críticos, o silêncio e a inação diante do sofrimento de brasileiros detidos injustamente é incompatível com os ensinamentos do Evangelho. “Quem faz por um desses pequeninos é a mim que o fazem” — citam, referindo-se à passagem de Mateus 25:40.
Enquanto a base governista avança com sua pauta e a oposição se articula para 2026, Hugo Motta, que chegou com boas intenções e apoio popular, parece cada vez mais acuado por um sistema político que não perdoa hesitações.
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Marcelo Negreiros
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