[Editado por: Marcelo Negreiros]
Uma relação marcada por episódios inusitados tomou forma entre dois jovens do Paraná, que se conheceram como voluntários no conflito da Ucrânia. Gustavo Ostrowski, de 22 anos, e Adriane Marschall Pereira, de 21, começaram a conversar pelas redes sociais antes de se encontrarem pessoalmente no leste europeu. O casal iniciou o relacionamento durante o período em que ambos serviram nas forças armadas ucranianas.
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Ostrowski, natural de Santa Helena (PR), decidiu integrar o Exército do país estrangeiro em janeiro de 2024. Meses depois, Adriane, de Santa Tereza do Oeste (PR), embarcou para a Ucrânia e também se voluntariou para atuar como combatente, mesmo sem experiência prévia.
“Decidi ir para lá conhecer ele, mesmo se não desse certo, pelo menos a gente iria aproveitar”, disse a jovem, à TV Globo. “Eu sempre gostei desse meio militar, principalmente das armas.”
Crescimento da presença feminina em guerras
Desde 27 de outubro de 2018, uma lei aprovada pelo Parlamento da Ucrânia permite que mulheres ocupem qualquer função militar, inclusive no combate, nas mesmas condições que os homens. O número de mulheres, inclusive brasileiras, em missões de combate e apoio logístico tem aumentado consideravelmente. O Itamaraty, no entanto, não reconhece oficialmente a participação de brasileiros nessas atividades.
Ostrowski destacou que, apesar de Adriane ter a opção de desempenhar tarefas menos intensas, ela preferiu atuar na linha de frente. “As missões são todas iguais, mas por ser mulher ela tinha a opção de ficar mais recuada ou em tarefas menos pesadas”, contou. “Mesmo assim, ela quis servir.”
O Ministério das Relações Exteriores alertou para o crescimento no número de brasileiros mortos ou com dificuldades ao deixar exércitos estrangeiros. Por isso, a pasta orienta a recusa de propostas de trabalho militar fora do país e ressalta que a assistência consular pode ser bastante limitada nesses casos. O órgão não comentou especificamente sobre o casal paranaense.
Gravidez, volta ao Brasil e planos de retorno à Ucrânia


Cerca de dois meses depois de começar a atuar como voluntária, Adriane descobriu que estava grávida. “Faltando três dias para a minha missão em campo de batalha, descobri que estava grávida”, relatou. “Daí eu não podia mais ir.”
Depois de dois meses de treinamento intenso, ela precisou se afastar das missões e passou a atuar como intérprete de português e espanhol para famílias de soldados. “Eu fiz dois testes e os dois deram positivo”, disse. “Avisei a médica da base e ela fez direto um ultrassom. Depois disso minhas missões foram canceladas.”
O casal permaneceu na Ucrânia por mais quatro meses e retornou ao Brasil em janeiro. Ostrowski explicou que eles voltaram “para o Brasil para que o filho nascesse aqui”. “A comida era muito diferente na Ucrânia e, com os enjoos da gravidez, estava difícil para ela se adaptar”, contou.
O bebê nasceu em Cascavel (PR) e hoje a família vive na região oeste do Paraná. “Agora estamos no sítio do meu pai, cuidando do nosso filho”, acrescentou Ostrowski.
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Mesmo depois do nascimento do filho, o casal mantém planos de retornar à Ucrânia. “Sinto saudades da guerra, quero voltar para a Ucrânia, voltar para as missões”, disse o jovem. “Mas ela não vai como voluntária, vai morar na cidade mais próxima do batalhão em que eu servir.”
Adriane concorda com a estratégia e conta que pretende criar o filho em uma cidade mais tranquila, enquanto Ostrowski atua como voluntário. “Eu achei lá parecido com o Brasil nessa questão de criação dos filhos, quero criar meu filho em alguma cidade tranquila enquanto o Gustavo participa das missões”, disse Adriane.
[Oeste]
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