
A Polícia Civil afirmou que o Comando Vermelho usava empresas de fachada e laranjas para lavar o dinheiro da organização criminosa na Paraíba. Durante a Operação Asfixia, realizada nesta terça-feira (30), foram bloqueados R$ 125 milhões. No entanto, segundo o delegado Helton Vinagre, as investigações indicam que a facção movimentou pelo menos três vezes esse valor.
“A gente conseguiu esse bloqueio de R$ 125 milhões. Vale salientar que a movimentação foi de cerca de 3 vezes mais. (Uso de) empresas de fachada, empresas fantasmas, que só existem no papel, laranjas”, afirmou o delegado.
Segundo o delegado, pessoas sem antecedentes criminais eram utilizadas como laranjas e cerca de sete mulheres foram presas durante a ação. Helton Vinagre também explicou que os investigados sabiam da origem criminosa do dinheiro e emprestavam as suas contas bancárias para movimentar as quantias.
O delegado explicou que a investigação se desenvolveu ao longo de um ano e meio, período em que as forças de segurança conseguiram identificar e mapear a hierarquia dos núcleos da organização, que atuava principalmente em Cabedelo, na Região Metropolitana de João Pessoa.
Helton destacou ainda que o “núcleo gerencial” da facção no estado é chefiado por Flávio de Lima Monteiro, conhecido como “Fatoka”. Ele está foragido no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, após romper a tornozeleira eletrônica que usava.
“A gente conseguiu identificar e hierarquizar esses núcleos, principalmente na cidade de Cabedelo. O núcleo gerencial é comandado por Flávio, que está foragido no complexo do Alemão. E temos outros dois núcleos, que é o de lavagem (de dinheiro), de Ariadna, que movimentou milhões de reais, ela coordena essas ações de lavagem, com vários soldados, em Cabedelo e Campina Grande. Outros foragidos fazem parte do núcleo operacional”, explicou o delegado.
Quem é Fatoka, o principal alvo da operação
O principal alvo da Operação Asfixia, Flávio de Lima Monteiro, conhecido como “Fatoka”, está foragido após ter violado o uso da tornozeleira eletrônica.
A investigação revelou que, mesmo foragido e escondido em uma comunidade dominada pela facção no Rio de Janeiro, Fatoka continua dando ordens para o cometimento de crimes na Paraíba, em especial no município de Cabedelo, onde a célula da facção carioca atua com mais intensidade.

Ele tinha sido preso na Paraíba em 2012, quando foi preso na Operação Esqueleto. Em 2018, fugiu do Presídio de Segurança Máxima da Paraíba, o PB1, quando houve uma fuga em massa de 92 detentos. Foi recapturado na cidade de Japaratinga, em Alagoas, em novembro de 2018.
A Polícia Civil informou que, meses depois da prisão em Alagoas, Fatoka passou a cumprir a pena em regime semiaberto, com o uso da tornozeleira eletrônica. No entanto, ele violou a tornozeleira e fugiu.
As investigações apontam que o chefe do grupo criminoso em Cabedelo está em uma comunidade do Rio de Janeiro; no entanto, a operação não conseguiu adentrar na comunidade nesta terça-feira. Logo, até a última atualização desta notícia, Fatoka não tinha sido preso.
Operação Asfixia

A Operação Asfixia tinha 26 mandados de prisão preventiva e 32 mandados de busca e apreensão para cumprir, além do bloqueio de mais R$ 125 milhões.
A Polícia Civil informou que, no total, 24 pessoas foram presas, nesta terça-feira (30). Foram 23 presos na Paraíba e uma pessoa presa no Rio de Janeiro. Desse total, sete foram presos em flagrante e 17 foram alvos dos mandados de prisão preventiva da operação.
Os mandados foram nas cidades de João Pessoa, Cabedelo, Santa Rita, Campina Grande, Cabaceiras, Nova Floresta e em comunidades do Rio de Janeiro. Na Paraíba, foram mobilizados 150 policiais, divididos em 30 equipes, sendo 27 da Polícia Civil e três do GAECO.
A operação conta com apoio da Desarme, do Grupo de Operações Especiais (GOE), do Grupo de Operações com Cães (GOC), da Unidade de Inteligência (UNINTELPOL) e o apoio das Superintendências Regionais (1ª e 2ª). O apoio da Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCRJ) completa a força-tarefa.
Outro alvo da operação foi Flávia Santos Lima Monteiro. Ela está presa desde novembro de 2024, apontada como funcionária fantasma da Prefeitura de Cabedelo e um “elo” entre a gestão da época e o grupo criminoso. À época, o ex-prefeito Vitor Hugo e o prefeito eleito André Coutinho também foram investigados.
[Jornal da Paraiba]
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