[Editado por: Marcelo Negreiros]
Na noite de sábado 27, as autoridades detiveram o brasileiro Gabriel Spalone, influenciador digital com cerca de 800 mil seguidores. A prisão aconteceu dentro de uma aeronave, no Aeroporto Internacional de Buenos Aires, na Argentina. A inclusão de seu nome na lista vermelha da Interpol resultou na ação, coordenada pela Polícia Federal e por órgãos internacionais.
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Segundo as investigações, Spalone liderava um esquema que desviou R$ 146 milhões de um banco brasileiro, utilizando o chamado “Pix indireto”. O mecanismo previsto em norma permite que instituições menores utilizem bancos maiores para realizar transferências. Spalones, porém, teria utilizado isso de forma ilícita.
O participante indireto oferece o Pix por meio de um intermediador, responsável pela liquidação dos pagamentos. Os participantes indiretos disponibilizam aos usuários uma conta transacional, sem vínculo direto com o Banco Central nem acesso próprio ao Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI).
Esquema de desvio com ‘Pix indireto’
Conforme apuração da Polícia Civil, Spalone criou empresas de fachada como Dubai Cash e Next Trading Dubai. Ele ofertava serviços digitais sem autorização do Banco Central para operar transferências via Pix. A quadrilha utilizou dez contas bancárias de uma companhia parceira de uma instituição ligada ao SPI, movimentando recursos de origem ilegal.
Em fevereiro, fraudadores realizaram mais de 600 transferências irregulares em menos de cinco horas, que somaram pouco mais de R$ 146 milhões; as autoridades recuperaram cerca de R$ 100 milhões desse valor. O prejuízo final ficou estimado em R$ 39 milhões. Além de Spalone, Guilherme Sateles Coelho e Jesse Mariano da Silva já estavam presos, suspeitos de se beneficiar com aproximadamente R$ 75 milhões.
Prisões, defesa e próximos passos
Na sexta-feira 26, as autoridades pararam Spalone durante uma escala no Panamá, mas o liberaram em menos de 24 horas por falta de ordem de prisão internacional. “Era uma pessoa livre para viajar e não tinha qualquer ordem de prisão internacional ou inclusão na Interpol”, afirmou sua defesa ao jornal O Globo.
O delegado Paulo Barbosa, chefe da Divisão de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil de São Paulo, ressaltou que “a inclusão do nome do Gabriel Spalone na Difusão Vermelha foi resultado de uma ação conjunta da Polícia Civil de São Paulo com a Polícia Federal”.
A defesa do influenciador, representada pelo advogado Eduardo Maurício, sustenta que Spalone é inocente e afirmou que pretende reverter a prisão. “Já foi fornecida provas da sua inocência e já foi requerido no Brasil a revogação da sua prisão pendente de decisão judicial, disse.
Maurício também “impetrará habeas corpus perante o Tribunal” e entrará com denúncia na Corte Interamericana de Direitos Humanos, “tudo visando com que Gabriel possa responder o processo em liberdade”, segundo ele. As autoridades apuram a possibilidade de deportar Spalone inicialmente ao Paraguai, país por onde ele teria iniciado a fuga, antes de uma eventual transferência para o Brasil.
Leia também: “Influenciador suspeito de desviar mais de R$ 140 milhões é preso na Argentina“
[Oeste]
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