Contrato de R$ 1,8 trilhão com belga previa comissão de R$ 72 bilhões para mãe ‘laranja’ de fiscal

[Editada por: Marcelo Negreiros]

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) teve acesso a novos documentos que levam à suspeita de que o esquema de corrupção instalado na Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado, revelado na Operação Ícaro, é muito mais amplo do que os próprios promotores haviam imaginado.

Quando a operação foi deflagrada, em 12 de agosto, as propinas foram estimadas em R$ 1 bilhão. Documentos apreendidos durante as buscas da Operação Ícaro sugerem que essa é apenas uma fração do dinheiro movimentado e que a rede de propinas pode ter alcançado patamares sem paralelo e em outras esferas da administração pública.

Um único contrato de “consultoria financeira, assessoria, representação e intermediação”, encontrado na casa do empresário e lobista Celso Éder Gonzaga de Araújo, que está preso preventivamente, alcança a cifra de R$ 1,8 trilhão.

A advogada Suzana Camargo, que representa Celso Éder, nega que ele tenha envolvimento em esquemas criminosos. A defesa de Artur Gomes não se manifestou.

O contrato em questão, assinado em março de 2022, tem como objeto a “regularização e liberação de direitos creditícios, financeiros e correções” em favor do empresário belga Tristan Jacques Jean Daniel Gillot junto ao Banco Central do Brasil, “que estejam com restrição administrativa, bloqueados”. O Estadão busca contato com o empresário.

Com a promessa de conseguir o desbloqueio do dinheiro, o lobista cobrava um percentual do valor que viesse a ser liberado, segundo a investigação, dividido com “parceiros” – “profissionais de sua confiança e relacionamento, necessários a sua consecução”.

Na lista de “parceiros” consta a professora aposentada Kimio Mizukami da Silva, mãe do ex-auditor Artur Gomes da Silva Neto, um dos fiscais da Fazenda estadual na mira da Operação Ícaro. Ela receberia uma “comissão” de R$ 72 bilhões do contrato com o empresário belga. Para um advogado, o repasse seria de 180 bilhões. Para uma holding, também R$ 180 bilhões. Outros seis parceiros receberiam entre 144 bilhões e 18 bilhões cada.

Pelo menos outros sete contratos semelhantes foram apreendidos com o lobista, mas sem valores definidos. Há apenas referências a percentuais sobre montantes ainda desconhecidos que poderiam vir a ser liberados junto ao BC.

Em um documento está escrito: “O contratante reconhece todos os trabalhos feitos por todos, dedicação de todos supra mencionados neste contrato. Estendendo este contrato e percentuais com mesmo teor e proporcionalmente aos próximos valores a serem desbloqueados pelo Banco Central do Brasil, os mesmos terão os mesmos direitos.”

O Ministério Público requisitou à Polícia Federal compartilhamento de todas as informações que tiver sobre o empresário belga.

Os promotores também apuram se há funcionários do Banco Central envolvidos no esquema. Prints que seriam do sistema interno do BC foram apreendidos com Celso Éder.

O Banco Central foi notificado para informar se as capturas de tela correspondem, de fato, a buscas nos sistemas do BC e identificar os funcionários que eventualmente acessaram as informações.

[Por: Estadão Conteúdo]

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