O recente caso da bebê Ana Beatriz, de aproximadamente 15 dias, causou comoção no país após a morte da recém-nascida em Novo Lino (AL). A mãe da bebê, Eduarda Silva, confessou ter sufocado bebê com travesseiro e escondido seu corpo em casa. A história trágica reacendeu um alerta: o sofrimento psíquico de mulheres no puerpério precisa ser levado a sério.
Umas das suspeitas da Polícia Civil de Alagoas (PCAL) é de que a mãe da criança pudesse estar enfrentando um quadro grave de depressão pós-parto. Um tema sobre o qual pairam tabus, mas que pode afetar de forma profunda a saúde mental, física e emocional da mulher.
Saiba sobre o caso
- No início de abril, Eduarda Silva, mãe de Ana Beatriz, alegou que a filha havia sido sequestrada por criminosos armados em uma parada de ônibus. No entanto, após diversas contradições e inconsistências, a jovem confessou ter matado a bebê por sufocamento com um travesseiro e escondido o corpo dentro de um armário, entre produtos de limpeza.
- O caso segue sendo investigado pela polícia. Os policiais aguardam laudos psquiátricos para avaliar se a jovem apresentava sinais de depressão pós-parto, transtornos mentais ou algum outro quadro que possa ter influenciado na ação da suspeita.
- Até o momento, segundo os agentes, os policiais continuam as investigações para identificar outras pessoas que possam estar envolvidas na morte da recém-nascida. As autoridades não descartam a colaboração de outras pessoas, especialmente na ocultação do corpo.
- O pai da bebê não a conhecia pessoalmente porque ele e a mãe da criança não mantinham um relacionamento próximo. De acordo com depoimento do pai, ele soube da morte da filha apenas quando foi informado por terceiros. Posteriormente, o homem encontrou o corpo da bebê em um local indicado pela mãe.
- O caso segue sendo investigado pela PCAL, que aguarda laudos periciais para concluir a tipificação do crime — se homicídio qualificado ou infanticídio.
A psicóloga Bruna Bettini afirma que é urgente romper com a ideia romantizada da maternidade e reconhecer que nem toda mulher, ao parir, encontra um estado de plenitude.
“A depressão pós-parto não tem relação com a capacidade de amar o filho. Muitas mulheres se cobram por não se sentirem felizes o tempo todo, mas isso não é sinal de fraqueza, e sim de algo que precisa ser acolhido com cuidado”, explica.
Segundo a especialista, a depressão pós-parto é um transtorno de humor que pode surgir nas primeiras semanas após o parto ou até mesmo no primeiro ano de vida do bebê.
Ela destaca sintomas como tristeza persistente, sentimento de inutilidade, ansiedade intensa, distanciamento emocional do bebê, alterações no sono e no apetite. “É comum a mulher perder o interesse por atividades que antes a motivavam, se sentir sobrecarregada e, em casos mais graves, até ter pensamentos intrusivos sobre sua própria vida ou a do bebê”, diz Bruna.
“Além disso, o ambiente familiar também pode ser impactado. A sobrecarga emocional, a sensação de impotência dos parceiros(as) e familiares e a falta de compreensão sobre o que está acontecendo podem gerar tensão, distanciamento ou até conflitos. É por isso que olhar para a saúde mental da mãe é também cuidar do bem-estar de toda a família”, diz a profisisonal.
Um ponto importante, ainda conforme a psicóloga, é o papel da rede de apoio e do acompanhamento profissional. “A maternidade exige presença, mas não pode exigir perfeição — nem ser vivida em solidão. Quando a mulher tem quem cuide dela, quem escute, quem acolha sem julgamento, isso pode fazer toda a diferença”, ressalta.
Ela também reforça a importância do atendimento psicológico no puerpério. “É no espaço da escuta terapêutica que essa mulher pode reencontrar sua identidade, resgatar sua autonomia e ressignificar a experiência de ser mãe.”
Sepultamento da recém-nascida
Com pedidos de justiça e comoção, o corpo da bebê foi sepultado na cidade de Novo Lino, no final da tarde da última quarta-feira (16/4).
O velório reuniu diversos moradores do município, amigos e vizinhos da família para dar o último adeus a Ana Beatriz.
As pessoas levantaram faixas e cartazes para pedir justiça. “Nunca esperamos por isso, nunca houve nada assim aqui. É muito delicado e bastante comovente. Eu sou mãe […] é difícil de entender como mãe, e ainda não caiu a minha ficha”, falou Stephany Maria, moradora do município.
[Metrópoles]
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