[Editado por: Marcelo Negreiros]
O desmatamento na Amazônia teve um crescimento alarmante de 92% em maio de 2025, em comparação com o mesmo mês do ano anterior. Os dados são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgados nesta sexta-feira (6) pelos Ministérios do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia.
Segundo o governo, o novo avanço estaria ligado a um “perfil diferente” de devastação, marcado pela degradação de áreas atingidas por incêndios florestais. Mais da metade da área desmatada (51%) em maio está relacionada a queimadas, índice muito acima da média de anos anteriores, quando o corte raso predominava.
Ao todo, foram 960 km² de floresta destruídos no mês, parte deles resultado de queimadas ocorridas no segundo semestre de 2024. O governo reconhece que o desmatamento associado ao fogo representa uma “nova realidade”, alimentada pela combinação entre mudanças climáticas e ação humana, o que exigirá ajustes na estratégia de combate à destruição ambiental.
A piora nos índices ocorre mesmo com o compromisso público do Brasil de zerar o desmatamento até 2030, promessa reforçada pelo fato de o país sediar a COP-30 neste ano. A reversão da tendência de queda registrada até 2024 compromete a imagem do Brasil como liderança global na agenda ambiental.
Contrastes com outros biomas
Enquanto a Amazônia sofre retrocesso, outros biomas deram sinais de recuperação. O Cerrado registrou queda de 15% no desmatamento em maio e de 22% no acumulado de agosto de 2024 a maio de 2025. No Pantanal, a redução foi ainda mais expressiva: 65% no mês e 74% no período acumulado.
Já na Amazônia, o desmatamento acumulado entre agosto de 2024 e maio de 2025 subiu 9% em relação ao mesmo período anterior. O avanço se intensifica justamente no período em que as imagens de satélite ganham nitidez com a dissipação das nuvens, revelando com mais clareza o cenário da devastação.
Desafios para o governo
O salto nos números representa um revés para o discurso ambiental do governo federal, que no último ciclo (agosto/23 a julho/24) havia comemorado uma redução de 45,7% no desmatamento. A alta atual coloca em dúvida a eficácia das ações adotadas e fragiliza a posição do Brasil nas negociações internacionais sobre o clima.
Sem uma resposta firme e coordenada, o país corre o risco de comprometer sua credibilidade ambiental e desperdiçar uma oportunidade histórica de liderar a transição verde em nível global.
Com informações de Oeste
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