Ícone do site mnegreiros.com

É ignorância, antissemitismo ou ambos

O presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), Claudio Lottenberg, está preocupado com a onda de antissemitismo no mundo, depois que Israel iniciou uma guerra contra o grupo terroristas Hamas, que invadiu o estado judeu e matou mais de 1.400 civis no início de outubro. A comunidade judaica no Brasil reúne mais de 100 mil pessoas. Na última segunda-feira, o presidente Lula comparou Israel ao Hamas.  Nas redes sociais, militantes de esquerda não escondem a simpatia e o apoio ao grupo terrorista. Nesta entrevista a VEJA, Lottenberg pede equilíbrio e moderação ao presidente Lula, que classificou como terroristas as ações de Israel na Faixa de Gaza, e diz que não entende como a esquerda pode defender um grupo como Hamas:

Que tipo de consequências a guerra entre Israel e o Hamas traz para os judeus que moram no Brasil? Os judeus do mundo inteiro, e não apenas no Brasil, estão muito preocupados com esta guerra, que espalhou pelo mundo uma onda antissemita sem precedentes. Muitos judeus estão enxergando um novo nível de antissemitismo mais aberto e “legitimado”, baseado em desinformação e velhos libelos antissemitas que se espalham rapidamente nas redes sociais. Isso devia ser contido. Sabemos que o antissemitismo é um sintoma muito ruim para toda a sociedade, que ameaça a todos, judeus e não judeus. A comunidade judaica está unida e resiliente. Temos resiliência no nosso DNA. Embora nos entristeça ver a apatia e o silêncio de alguns diante do antissemitismo.

Há risco de conflito no Brasil entre israelenses e palestinos que moram no país? Estamos trabalhando muito para que o conflito não seja importado para o Brasil. As comunidades têm convívio pacífico aqui e assim deve seguir. Mesmo com essa tensão toda, é preciso fazer de tudo para que esse convívio siga pacífico e aberto ao diálogo.

Como o senhor vê as manifestações de apoio de alguns partidos de esquerda do Brasil ao Hamas? Acho que não podemos generalizar a esquerda. Tem muita gente bem informada e sensata. Mas não se pode justificar de forma alguma a ação do Hamas, uma organização terrorista e cruel, que matou mulheres, crianças, bebês, idosos, que estuprou em massa, degolou e desmembrou suas vítimas, queimou crianças vivas na frente de seus pais e vice-versa, que não têm apreço nenhum pela vida e muito menos pelos valores caros à esquerda. Tenho dificuldade de entender como alguém que se diz progressista pode defender um grupo que oprime as mulheres e a comunidade LGBTQ, executa opositores. Difícil entender isso. É ignorância, antissemitismo ou ambos.

Lula disse que Israel também está praticando atos terroristas. Esse tipo de manifestação acaba estimulando movimentos e reações extremadas desses seus seguidores, inclusive manifestações antissemitas. Vimos esse impacto nas redes sociais claramente. E isso tudo depois de as autoridades brasileiras desbaratarem um plano terrorista do Hezbollah contra alvos judaicos no Brasil. Por isso estamos pedindo equilíbrio e moderação. Para não importarmos esse conflito para o Brasil. Não estimularmos a violência.

Por: Revista Veja

Por favor, compartilhe:
Pin Share
Sair da versão mobile