Moscas-da-neve (gênero Chionea) que habitam montanhas geladas da América do Norte desenvolveram uma adaptação peculiar às condições hostis do ambiente: automutilação.
Quando as temperaturas caem abaixo de -7° C e cristais de gelo começam a se formar em suas patas, esses insetos se livram dos membros para impedir que o gelo se espalhe pelo resto do corpo, o que seria fatal. Essa adaptação aparentemente brutal permite que sobrevivam tempo suficiente para se reproduzir durante sua (breve) vida adulta.
A reação precisa ser rápida: uma vez que cristais de gelo começam a se formar nas extremidades das perninhas da mosca, é uma questão de segundos até que atinjam os órgãos vitais e causem sua morte.
O comportamento foi descrito por cientistas num artigo científico publicado na revista Current Biology [veja o vídeo no final da reportagem]. Antes, a estratégia de automutilação já havia sido observada em outras espécies para escapar de predadores que agarraram suas perninhas, mas é a primeira vez que a perda voluntária de um membro é registrada como uma adaptação de sobrevivência ao frio, segundo os pesquisadores da Universidade de Washington em Seattle, EUA.
O estudo descobriu o comportamento em laboratório, colocando as moscas em uma placa fria e diminuindo a temperatura gradualmente. Quando uma pata congelava, o inseto praticava a mutilação e seguia andando.
Além disso, foram registradas na natureza moscas andando sem pernas – em alguns casos elas só tinham três restantes das seis originais –, provando que isso acontece fora do laboratório também.
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Das 256 moscas adultas que eles coletaram para serem estudadas em laboratório, 20% já tinham pelo menos uma pata faltando.
Os cientistas acreditam que essa seja uma adaptação inusitada para tentar assegurar a reprodução em suas vidas curtas: estas moscas costumam durar só alguns meses. Graças à estratégia, moscas-das-neves já foram observadas vivendo em lugares cujas temperaturas chegavam aos -10º C.
[Por: Superinteressante]
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