ex-embaixador pede diálogo do Brasil com EUA

[Editado por: Marcelo Negreiros]

O ex-embaixador Rubens Barbosa analisou a condição do Brasil, depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Para o diplomata, a orientação seria buscar diálogo direto com os norte-americanos.

+ Leia mais notícias de Política em Oeste

À CNN, Barbosa defendeu que a negociação é a única saída possível. Ele observou, ainda, que o cenário global mudou e que antigas regras do comércio internacional deixaram de vigorar desde a chegada de Trump ao poder.

“Não há mais regras previsíveis do comércio internacional”, disse. “Não há mais a OMC [Organização Mundial do Comércio] para recorrer.”

Motivações políticas e riscos para o Brasil

No Paraná, Lula seria derrotado em todos os cenários | Foto: Marcelo Camargo/Agência BrasilNo Paraná, Lula seria derrotado em todos os cenários | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Na avaliação do ex-embaixador, a tarifa imposta ao Brasil reflete motivações políticas, com questões ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro e até pressões das grandes empresas de tecnologia. Ele alerta para eventuais regulamentações brasileiras, que podem gerar atritos com interesses da indústria e do mercado dos EUA.

Barbosa cita exemplos de países e blocos, como México, Canadá, União Europeia e Coreia, que tentaram inicialmente enfrentar os Estados Unidos, mas acabaram por retomar o diálogo. “Não tem alternativa”, afirmou o diplomata, além de destacar que apenas a China conseguiu resistir, por ser grande potência e principal parceira comercial dos EUA.

Desafios de comunicação e propostas de negociação

Outra preocupação de Barbosa é a falta de canais abertos entre Brasil e Estados Unidos, tanto no governo norte-americano quanto no Departamento de Estado.

“Como você pode imaginar o Brasil, uma potência média, líder na América do Sul, com um comércio de U$ 90 bilhões com os Estados Unidos, não conversar?”, questionou o ex-embaixador.

Leia também: “O desmonte do Itamaraty”, artigo de Adalberto Piotto publicado na Edição 275 da Revista Oeste

Como estratégia, ele sugere que o Brasil pode propor cortes tarifários sobre itens como etanol, atualmente sujeito a tarifa de 18% para importação dos EUA, e remover obstáculos não tarifários sobre mercadorias norte-americanas. Ele ressalta que negociar não implica submissão, mas, sim, a defesa do interesse nacional.

Ao encerrar, Barbosa destacou a transformação do comércio internacional desde o governo Trump. “Não existe mais regras estáveis e previsíveis no comércio internacional”, avaliou. “Agora é a lei da selva, a lei do mais forte, e a gente ou entra nessa nova situação, ou nós vamos sofrer muito mais.”

[Oeste]

Conteúdo Original


Descubra mais sobre

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Comente a matéria:

Rolar para cima