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INSS, anistia, Lula, Bolsonaro e economia: estudo mostra o que pensam os moradores da ‘mini-Brasil’

[Editada por: Marcelo Negreiros]

São Sebastião do Oeste: microcosmo brasileiro na política

A pequena cidade de Minas Gerais representa a disputa entre esquerda e direita, ou entre Lula e Bolsonaro, que divide o País. Crédito: Estadão

SÃO SEBASTIÃO DO OESTE (MG) — O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), hoje inelegível, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estariam empatados tecnicamente se o segundo turno da eleição para presidente ocorresse hoje em São Sebastião do Oeste (MG).

Enquanto Bolsonaro marca 33% das intenções de voto, Lula tem 31%, um empate técnico. Outros 25% votariam branco ou nulo, e 11% não souberam responder. Apesar de se tratarem de dados coletados numa cidade no interior de Minas Gerais, eles refletem muito mais que seus 8,5 mil habitantes.

“Miniatura do Brasil”, São Sebastião do Oeste, município no interior de Minas Gerais, vem reproduzindo a disputa eleitoral entre petismo e bolsonarismo numa divisão quase perfeita do País: seus eleitores escolheram Bolsonaro em 2018 e Lula em 2022 com uma proporção de votos idêntica em comparação ao nível nacional Foto: WILTON JUNIOR

Os dados são de uma pesquisa feita pela Travessia em parceria com o Estadão. O instituto entrevistou 380 moradores de São Sebastião do Oeste entre 20 e 22 de maio. A cidade foi escolhida para o levantamento por representar uma espécie de “microcosmo” do Brasil — ela vem espelhando as eleições presidenciais da última década com uma semelhança quase perfeita.

Em 2022, enquanto Luiz Inácio Lula da Silva (PT) derrotou Jair Bolsonaro (PL) por um placar de 50,90% contra 49,10% dos votos do País, na cidade mineira o petista venceu por 50,99%, contra 49,01% do adversário. Se a nível nacional a diferença se deu por pouco mais de 2 milhões de votos, em São Sebastião do Oeste essa margem foi de 101 eleitores.

Já em 2018, Bolsonaro derrotou Fernando Haddad (PT) num placar de 55,13% contra 44,87% dos votos no Brasil inteiro. Em São Sebastião do Oeste, a diferença foi quase a mesma: 55,25% de Bolsonaro e 44,75% de Haddad. Em quatro anos, a cidade virou de bolsonarista para lulista numa margem semelhante à do País — como uma amostra representativa da preferência política dos brasileiros, uma “mini-Brasil”.

O empate se mantém mesmo com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), no lugar de Bolsonaro: 32% contra 32%. Nesse cenário, 23% votariam branco ou nulo, e 13% não souberam responder.

As demais alternativas para a direita não se saem tão bem quanto o ex-ministro da Infraestrutura do governo Bolsonaro. Lula supera a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro por 36% contra 29%. Votariam branco ou nulo 24%, e outros 11% não souberam responder.

O presidente também bateria o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), terceiro filho do ex-presidente, por 38% contra 26%. Aqueles que escolheriam branco ou nulo correspondem a 22%, e 14% é a parcela de quem não soube responder.

O parlamentar está licenciado de seu mandato na Câmara dos Deputados para viver nos Estados Unidos, onde diz articular sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Nos cenários testados com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), substituindo Lula na disputa eleitoral, o desempenho do petista varia. Haddad marca 18% num cenário com Eduardo Bolsonaro (PL, 13%), Ciro Gomes (PDT, 10%), Ronaldo Caiado (União, 8%) e Eduardo Leite (PSD, 7%).

O ministro, no entanto, perde a dianteira quando Tarcísio entra no jogo. O governador paulista marca 20% no cenário com Romeu Zema (Novo, 19%), Haddad (17%), Ciro (8%), Caiado (3%) e Leite (2%). A opção testada com Marçal na disputa não mexe muito com o placar: Tarcísio (19%), Zema (19%), Haddad (16%), Ciro (11%) e Marçal (6%).

Quando questionados sobre qual candidato da direita poderia substituir Bolsonaro na disputa presidencial do ano que vem, a grande parte dos sebastianenses fica com Tarcísio e o governador de seu Estado, Romeu Zema.

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Tarcísio marca 20%, seguido por Zema (18%), à frente de um segundo pelotão formado por Michelle (9%), o coach Pablo Marçal (PRTB, 6%), os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil, 4%), do Paraná, Ratinho Júnior (4%), e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (3%), e Eduardo Bolsonaro (3%). Um terço (33%) diz não saber responder.

O cientista político e sócio do Instituto Travessia Renato Dorgan diz que Zema acaba “poluindo” os dados por ser um governador de Minas em meio a um questionário feito a respondentes do Estado, o que pode superestimar seu desempenho. O contexto dá mais peso a Tarcísio, que aparece à frente de Zema apesar do viés favorável ao mineiro.

“Há um alerta para Zema, porque mostra ele como um candidato aquém do competitivo a nível nacional. Por outro lado, a pesquisa mostra Tarcísio com capilaridade considerável fora de São Paulo. Em Minas, por exemplo, está largando à frente do próprio governador”, diz.

Dorgan avalia que Tarcísio “impressiona” como substituto de Bolsonaro, porque vem conseguindo arrebatar a preferência de eleitorados refratários ao ex-presidente. Nas pesquisas qualitativas que seu instituto conduz pelo Brasil, ele identifica Michelle mais competitiva do que Eduardo, uma vez que se conecta ao público feminino e evangélico, enquanto o deputado licenciado se atém ao eleitorado já cativo de seu pai.

Uma estátua de Nossa Senhora Aparecida no subúrbio de São Sebastião do Oeste (MG). Ao redor, inúmeros loteamentos que tentam dar conta da pressão imobiliária a que o município vem se submetendo com a migração em massa Foto: WILTON JUNIOR

Governo Lula, economia e noticiário

O panorama identificado pela Travessia é negativa para o governo Lula. Quando perguntados se o presidente está fazendo um bom governo, quase metade (46%) responde avalia a administração federal como ruim ou péssima. Quase um terço (29%) a consideram boa ou ótima, e 20% acham que está regular.

A proporção de quem desaprova o governo Lula é similar a de quem acha que a situação econômica do país piorou nos últimos meses: 47%. Quase um quarto (23%) afirma que se mantém a mesma, e 14% dizem acreditar que está melhor. Outros 16% não responderam.

Dorgan diz que a economia é o indicativo mais problemático em relação ao governo Lula. Por mais que o País viva uma espécie de pleno emprego, diz ele, em que é fácil ocupar vagas com carteira assinada, o custo de vida crescente nos últimos anos vem achatando os salários geralmente baixos pagos pelo País.

“A expectativa em cima de Lula era muito grande, e ela se soma à entrega que não está à altura. Estamos vivendo um pleno emprego com baixos salários, e a inflação de alimentos, moradia e combustível elevam o custo de vida. As pessoas têm recorrido a outras alternativas aos empregos que pagam um salário mínimo, porque elas conseguem ganhar mais no setor informal”, diz ele.

Os eleitores de Lula aparecem na pesquisa um pouco mais arrependidos do voto em 2022 do que os de Bolsonaro: 13% de quem votou 13 nas urnas diz se arrepender do voto, enquanto 9% daqueles que teclaram 22 afirmam o mesmo.

As fraudes descobertas no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) são do conhecimento de 84% — isto é, 16% dizem não ter ouvido falar. Apesar das tentativas da oposição de tentar manchar a reputação do Palácio do Planalto e do presidente de tentar atribuir ao governo anterior os desvios, a maior parcela da população evita o jogo de empurra-empurra.

Aqueles que acham que os principais responsáveis pelo escândalo são ambos os governos, de Lula e de Bolsonaro, são 27%. O governo Lula é o principal culpado para 20%, enquanto 8% culpam a administração de Bolsonaro. Quem diz não ver ligação com nenhum dos dois são 7%.

Por fim, perguntados se são a favor ou contra a anistia (isto é, o perdão) para as pessoas envolvidas nos ataques de 8 de janeiro de 2023, que estão sendo julgadas por tentativa de golpe de Estado, 36% respondem ser contrários. Uma parcela um pouco menor (32%) é a favor de perdoar os bolsonaristas, 9% são indiferentes e 23%, não quiseram ou não souberam responder.

[Por: Estadão Conteúdo]

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