[Editada por: Marcelo Negreiros]
Durou doze dias a última guerra entre Israel e os Estados Unidos, de um lado, e os inimigos do Estado judeu de outro, desta vez encarnados no Irã. À essa altura já há um script definitivo para esse tipo de coisa.
Bombeiro chama seus colegas no local de uma explosão em um complexo residencial no norte de Teerã em 13 de junho Foto: Vahid Salemi/AP
O Irã, ou o inimigo da vez, é descrito como uma potência militar imensa, que pode, enfim, destruir Israel, mostrar que os americanos já não são mais capazes de ganhar guerras na região e se tornar a maior potência do mundo islâmico. Passam alguns dias e, de repente, anuncia-se que o Irã, ou quem for, virou um mingau de aveia e teve de ser salvo por um cessar-fogo.
Não deu outra, ainda desta vez. No mundo dos fatos, Israel fez um ataque em massa às centrais nucleares do Irã – essas mesmas com que os iranianos ameaçam há 40 anos varrer os judeus da face da Terra. Arrasou à vontade todo tipo de instalação militar dos inimigos. Seus aviões voaram sem qualquer oposição sobre o Irã – nenhum deles foi derrubado. A tropa do Irã, descrita como uma das maiores “do mundo” não disparou um único tiro contra os israelenses.
Há mais. Israel matou, um a um, mais de uma dúzia de altos chefes militares iranianos, em suas próprias casas – uma humilhação que comprova o grau extremo de penetração do Irã pelos serviços secretos judeus.
Tudo o que os iranianos conseguiram fazer, em troca, foi atirar em alvos civis de Israel – assassinato a sangue frio em hospitais, por exemplo. Nenhuma instalação militar israelense sofreu qualquer dano importante; a maioria dos mísseis iranianos foi abatida no ar pela defesa de Israel.
Enfim, para completar o serviço, aviões B-2 americanos, um monstro que custa 2 bilhões de dólares a unidade, não pode ser detectado por nenhum sistema de radar e carrega as bombas não-nucleares mais potentes do mundo, massacraram as usinas atômicas mais invulneráveis do Irã. Saíram direto de sua base nos Estados Unidos, voaram 11.000 quilômetros, socaram suas bombas no alvo e voltaram para casa sem que os iranianos percebessem o que tinha acontecido com eles. Fim da guerra: mate em doze.
No mundo dos relatos, porém, estava acontecendo outra coisa. Durante o tempo todo, escrevia-se: “Irã lança novo ataque de mísseis”. Ou: “Mundo pode ficar sem petróleo”. Ou: “Guerra ameaça se espalhar”. Num momento extremo, houve um caso de irritação contra o número reduzido de baixas em Israel; em outro, elogiou-se o ataque ao hospital como altamente eficaz. Do começo ao fim, em suma, apresentou-se a coisa como um embate de “potência contra potência”, com chances iguais “para os dois lados”.
Mas, como sempre, nunca houve dois lados. Houve um lado só, o de Israel – que ganhou todas as guerras que os vizinhos lhe moveram nos últimos 80 anos, diretamente ou via terrorismo. O desfecho é sempre o mesmo porque a história é sempre a mesma: Israel, e seus aliados, ganham porque os judeus não têm a opção de se render, ou de negociar. A única coisa que o inimigo quer deles é a sua morte. Não dá para fazer outra coisa que não seja vencer – ou é desse jeito ou é o fim.
A Rússia e a China entendem isso – são sempre a favor do Islã, mas não mandam nem sequer um caramuru para ajudar seus aliados nas guerras contra Israel. Estão menos dispostas, ainda, a bater de frente com os Estados Unidos.
A Rússia, por exemplo: não consegue, depois de três anos, ganhar uma guerra nem com a Ucrânia. Como vai encarar os B-2? Só mesmo na cabeça de um analista internacional pode passar a ideia de que os russos não tenham percebido isso até agora. Enquanto a esquerda mundial não entender que Israel ganha porque tem a superioridade moral, militar e tecnológica, vão continuar apanhando.
O público, ao mesmo tempo, vai permanecer rigorosamente desinformado a respeito, como diriam os fiscais da verdade na internet. Da próxima vez, vai ser a mesma ladainha – o Irã, ou sabe lá quem for, estará de novo a um passo da vitória, e mais uma vez vai levar uma surra de Israel e dos Estados Unidos. É claro que sim. Não conseguem nem chamar a rendição de “rendição”; esperar o que? No caso, o cessar-fogo foi uma capitulação de A à Z, mas até agora estão fingindo que o Irã tem “opções”, ou que a guerra acabou com um “empate técnico” etc.
Um dos momentos mais patéticos dessa lorota final foi o “ataque” de catorze mísseis iranianos, depois do cessar-fogo, contra uma base americana na área. Treze deles foram derrubados no ar; o outro se perdeu. Pior: o Irã avisou que faria o ataque, para ter certeza de que não levaria um ritornelo em regra, e fingiu por um instante que “a luta continua”. Aí fica difícil.
No final, para somar insulto à injúria, Donald Trump se saiu como o grande vencedor da história toda. É uma humilhação sem precedentes. O presidente descrito todos os dias como o warmonger número 1 do planeta, o louco que quer incinerar o mundo com bombas nucleares, acabou sendo o fator essencial da paz, ao mostrar que guerras, como sempre, acabam com a força empregada dentro da medida certa.
Os aviões americanos fizeram o estritamente indispensável, mais nada – e o Irã pediu água na hora. Trump, que acabou propondo grandiosamente generosidade e respeito por parte de todos, ainda vai acabar levando a Grande Medalha do Pacificador.
Para o Brasil, mais uma vez e por culpa direta de Lula, acabou sobrando o papel do vira-lata que fica na calçada, late, rosna e perturba, mas não influi em nada enquanto o cortejo passa e vai embora. Poderia ter se recolhido à sua insignificância e ficado quieto, mesmo porque ninguém lhe perguntou nada, mas foi bancar o exibido e ficou falando sozinho. Ou melhor: jogou o Brasil, mais uma vez, no lixo onde convivem as ditaduras mais desprezíveis do mundo.
É pior do que uma traição aos interesses nacionais do Brasil, que deveria estar sentado junto com as sociedades livres no cenário mundial, mas escolhe sistematicamente se unir às nações bandidas, aos terroristas e aos regimes chefiados por gangsters. É algo mais sinistro para quem está aqui dentro – um recado de como Lula e suas forças de apoio acham que o Brasil deveria ser.
Lula está fechado com um país que açoita mulheres por não usarem véu, executa homossexuais em praça pública e proíbe que existam igrejas cristãs. Como poderia fazer tanta questão de ficar a favor de um regime que faz isso tudo sem ser a favor dos crimes que esse mesmo regime comete? Pense nisso.
[Por: Estadão Conteúdo]
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