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Jogos, morte e manipulações: perigos do webnamoro na adolescência

O que seria apenas um relacionamento pela internet entre dois adolescentes se transformou em caso criminal com a morte de três pessoas da mesma família. Influenciado por sua web namorada, um adolescente de 14 anos assassinou o pai, a mãe e o irmão em Itaperuna (RJ). O caso levanta questões sobre os perigos de relacionamentos entre menores na internet.


Entenda o caso do adolescente que matou a família

  • O jovem foi capturado na quarta-feira (25/6), após confessar ter assassinado os familiares enquanto dormiam. Segundo a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ), um dos motivos do crime foi o impedimento do adolescente de ir a um encontro em outro estado para encontrar uma garota com quem tinha relacionamento virtual desde os 8 anos.
  • O casal se conheceu por meio de um jogo on-line. A viagem foi proibida e, em reação, o adolescente esperou os pais dormirem, pegou a arma escondida debaixo da cama e efetuou disparos contra os familiares. Em seguida, o menor teria, ainda, jogado os corpos dentro da cisterna da residência para ocultar os cadáveres.
  • A morte dos familiares foi descoberta quando a avó do adolescente foi com ele até a delegacia para registrar o desaparecimento das vítimas. Durante as diligências, os policiais sentiram forte odor e encontraram os corpos no cômodo da casa. O adolescente foi conduzido à delegacia, onde confessou o crime.
  • A namorada virtual do adolescente, de 15 anos, também foi interrogada após a confissão do crime. A menor cogitou matar a própria mãe.

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Adolescente matou família

Reprodução

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Pai morto por filho se declarou ao adolescente

Reprodução / Redes Sociais

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Antônio e o adolescente apreendido. Na foto, jovem ainda era criança

Reprodução / Redes Sociais

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Justiça do Rio manda internar adolescente de 14 anos que matou família

Reprodução/Redes sociais

Para a educadora parental Priscilla Montes, o crescimento de relacionamentos virtuais entre adolescentes revela uma carência mais profunda: a falta de vínculos afetivos dentro de casa. Ela entende que a falta de carinho familiar pode fazer com que o menor procure o afeto em outros lugares.

Segundo a especialista, jovens que viveram em ambientes marcados por medo, rigidez ou ausência de afeto tendem a enxergar a internet como um lugar mais seguro e menos ameaçador. Nesse contexto, o relacionamento à distância funciona como uma espécie de fuga emocional. “É uma fuga, mas também um pedido de socorro não verbalizado”, afirma Priscilla.

Plataformas

O Metrópoles entrou em contato com as principais plataformas de comunicação que atuam no Brasil para discutir o tema. A Meta, dona do WhatsApp, Instagram e Facebook, optou por não comentar sobre o assunto. Já o Discord, plataforma frequentemente utilizada por jovens como meio de comunicação em jogos online, esclareceu que não permite a criação de servidores destinados a facilitar o namoro entre adolescentes dentro da plataforma. Não foi possível estabelecer contato com o Telegram. O espaço para discussão permanece aberto.

“Estamos constantemente aprimorando nossos esforços de segurança, investindo fortemente em ferramentas avançadas e sistemas de moderação para proteger nossos usuários. Isso inclui iniciativas específicas para adolescentes, como alertas de segurança ativados por padrão, filtros para conteúdos sensíveis e nosso Sistema de Avisos, que ajuda jovens usuários a entender claramente as violações das regras e as consequências de suas ações”, disse o Discord.

O Discord ainda reforça que exige que contéudo adulto na plataforma seja mantido atrás de restrição de idade. “Servidores voltados para encontros entre adolescentes violam nossa política de segurança para crianças e adolescentes, para evitar expor essas comunidades a pessoas com intenções de explorá-las e, acidentalmente, facilitar outras violações dessa política”, afirmou a plataforma.

Segurança

Rodrigo Fragola, especialista em cibersegurança, alerta para os perigos do webnamoro entre adolescentes, destacando como a IA pode ser usada para criar perfis falsos e deepfakes extremamente realistas. Ele explica que esses recursos são utilizados por golpistas ou até mesmo por outros jovens mal-intencionados para “enganar emocionalmente, manipular ou até extorquir”.

Além disso, o especialista chama a atenção para os riscos de desafios perigosos e conteúdos inapropriados impulsionados por algoritmos de IA, projetados para manter os usuários engajados. Ele adverte que os adolescentes, muitas vezes, “não percebem os perigos envolvidos” e podem ser expostos a situações graves, como desafios virais perigosos ou conteúdos de violência.

Fragola recomenda que os pais monitorem o uso da tecnologia e criem um “ambiente de confiança e diálogo”, incentivando o pensamento crítico nos jovens. “A gente precisa se capacitar como pai, como educador para proteger os adolescentes nesse cenário digital cada vez mais complexo”, diz.

Relações frágeis e falta de diálogo

Priscilla Montes destaca que adolescentes com histórico de negligência, abandono ou violência são mais suscetíveis a se envolver com desconhecidos que demonstram qualquer atenção. “Quando acreditamos que não somos suficientes, qualquer migalha de atenção vira afeto, qualquer resposta vira vínculo. Sem o contato físico e o julgamento direto, esses jovens criam versões idealizadas de si mesmos e do outro, o que favorece relações intensas, mas frágeis”, explicou a educadora.

Priscilla reforça, ainda, que o problema não é a internet em si, mas a falta de diálogo e presença emocional na rotina familiar. “Mais do que condenar, os pais precisam estar presentes. Porque, no fundo, o que todo adolescente quer é pertencer, ser visto, ser aceito.” Para ela, a principal solução contra os riscos emocionais do webnamoro é o acolhimento real. “Educar é construir presença — e é essa presença que protege, que orienta e cuida.”

[Metrópoles]

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