A postura recente do pastor Silas Malafaia tem causado grande desconforto entre líderes das Assembleias de Deus e outros segmentos evangélicos no Brasil. O apoio público e insistente ao ex-presidente Jair Bolsonaro, bem como os ataques direcionados a autoridades como o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, são vistos como extrapolações preocupantes.
De acordo com lideranças ouvidas, há um movimento interno que discute a possibilidade de emitir uma nota pública de repúdio à atuação do pastor, que tem assumido posições políticas em nome da comunidade evangélica sem representá-la oficialmente.
“Nosso papel é evangelizar. Não somos um braço de partidos políticos. Quando o pastor toma atitudes extremas, parece que todos comungamos dessas ideias, o que não é verdade”, declarou um pastor ligado à liderança nacional das Assembleias de Deus, sob condição de anonimato.
A defesa feita por Malafaia à anistia dos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro é um dos pontos mais controversos. Ainda mais grave, segundo os líderes, são os discursos de confronto com instituições como o Supremo Tribunal Federal, a Câmara dos Deputados e as Forças Armadas, com palavras consideradas agressivas e impróprias para alguém que lidera um segmento religioso.
Outro ponto que tem gerado questionamentos é a origem dos recursos utilizados pelo pastor para financiar eventos públicos de cunho político. Há dúvidas entre líderes evangélicos sobre a transparência financeira e o uso de eventuais doações feitas por fiéis. “É legítimo perguntar: de onde vêm os recursos para bancar grandes eventos que não têm caráter exclusivamente religioso?”, questionou uma das lideranças.
A crescente insatisfação demonstra que a comunidade evangélica, em sua diversidade, não é homogênea em relação às posições adotadas por figuras públicas como Silas Malafaia. A expectativa, segundo interlocutores, é de que a igreja mantenha sua vocação pastoral e espiritual, sem se transformar em instrumento de interesses político-partidários.
LeoNews
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