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Lucas Leiva, ‘garoto dourado’, encerra carreira por problema cardíaco | Placar


O volante Lucas Leiva está, oficialmente, aposentado dos gramados. Afastado desde dezembro do último ano, quando foi diagnosticado com uma alteração cardíaca durante exames de rotina para o início da pré-temporada com o Grêmio, o jogador de 36 anos não conteve as lágrimas no anúncio de que não poderá prosseguir no futebol. Ao lado do presidente Alberto Guerra, do vice de futebol Paulo Caleffi e dos médicos do clube gaúcho, ele disse nesta sexta-feira, 17, ter acatado a recomendação médica de parar pelos riscos a própria saúde.

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“Bom, depois de tudo isso, primeiro queria agradecer ao Grêmio por todo o apoio… (pausa para chorar) nesses três meses. Hoje estou anunciado minha aposentadoria”, iniciou dizendo o jogador.

“Tem sido um período difícil, acho que é a primeira vez que choro por esse caso. Mas só tenho a agradecer. Estou encerrando onde eu gostaria, não da forma como eu gostaria. Mas tenho certeza que um novo ciclo vai se iniciar. Tinha muita esperança que pudesse reverter, mas não foi o caso. Minha saúde vem em primeiro lugar”, completou.

De acordo com o clube, o diagnóstico de Lucas Leiva foi de fibrose cicatricial no miocárdio.  Revelado pelo próprio Grêmio, o jogador tinha contrato até dezembro de 2023.

Leiva tem longo currículo no futebol internacional. Na Lazio, conquistou a Supercopa da Itália em 2017 e 2019 e a Copa da Itália em 2019. Antes disso, somou 346 jogos, sete gols e um título pelo Liverpool, o da Copa da Liga Inglesa de 2012.

Pelo Grêmio, ele participou da conquista do histórico acesso para a Série A em 2005, na Batalha dos Aflitos, diante do Náutico, partida memorável na qual a equipe gaúcha venceu mesmo com apenas sete jogadores em campo.

Também foi bicampeão gaúcho, em 2006 e 2007, e vice da Libertadores de 2007 em decisão perdida para o Boca Juniors. Pela seleção brasileira, participou da Olimpíada de Pequim, em 2008 e da Copa América de 2011, acumulando 24 partidas.

Por esta razão excepcional, o blog #TBT PLACAR, que todas as quintas-feiras recupera um tesouro de nossos mais de 50 anos de arquivos, decidiu estender novamente a sua publicação para prestar uma homenagem ao “garoto dourado”, alcunha que recebeu pelo feito de ter sido condecorado com a Bola de Ouro em 2006, prêmio à época entregue pela PLACAR ao melhor jogador do Brasileirão.

Ele foi o mais jovem jogador a conquistar o feito. Na época, ainda sonhava em jogar um dia na Europa e se inspirava em nomes como o italiano Andrea Pirlo e Deco.

Confira a reportagem na íntegra:

Garoto dourado

Aos 19 anos, estreante na série A, o gremista Lucas conseguiu o feito de ser o mais jovem jogador a ser eleito o melhor do Brasileirão. Isso que é “revelação”…

André Rizek

Lucas acompanhou com atenção a corrida pelas Bolas de Ouro e Prata no site de Placar até a trigésima rodada. “Aí vocês tiraram do ar, né?”, comentou, quando chegava para a entrega do prêmio sem saber, ainda, que fora escolhido como melhor jogador do Campeonato Brasileiro de 2006. Aos 19 anos, Lucas foi o mais jovem a atingir esse feito, superando Kaká em 2002 (20 anos) e Robinho em 2004 (20 anos). Placar havia tirado do ar as notas dos jogadores para que, como já virou tradição, houvesse suspense até o momento do anúncio, no auditório da TV Record.

“Se eu vou ganhar a Bola de Ouro? Acho que não… Mas fico muito feliz de estar entre os 11 melhores do campeonato, num troféu que é o mais justo por premiar a regularidade, avaliar todos os jogos. Este ano houve muito equilíbrio, o coletivo superou o individual. Não tivemos um jogador que tenha sido o melhor”, dizia.

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Lucas, do Grêmio, com o troféu Bola de Ouro, prêmio da Rede Record em parceria com a revista Placar, aos destaques do futebol brasileiro de 2006 (Alexandre Battibugli/Placar)

Tivemos, sim, Lucas! É claro que não foi uma barbada… O gremista não tirou nenhuma nota acima de 7,5 ao longo de todo o campeonato, mas também não ficou abaixo de 5 em partida alguma. A revelação tricolor sempre esteve entre os melhores de sua posição, mas foi só a partir de novembro, na reta final, que conquistou a liderança da Bola de Ouro. Chegou a perder o posto para Fernandão, do Inter, e os dois foram brigando cabeça a cabeça pelo prêmio mais cobiçado do futebol brasileiro. Assim que foi anunciada a sua escolha, um surpreso Lucas concedeu à Placar a entrevista que segue na página seguinte.

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Você parece surpreso com o prêmio… Não tenho nem comentário… Tô surpreso mesmo, é algo que eu não esperava para o meu primeiro campeonato. A maioria das pessoas nem me conhecia direito, né? Isso mostra que o jogador tem mesmo de ser regular para ganhar a Bola de Ouro. Esse prêmio é para quem teve regularidade ao longo do campeonato e eu procuro ser muito regular. Nossa, incrível eu ter ganhado…

Além da regularidade, o que você considera ser a sua principal qualidade? O passe. E o desarme também. Desarmei bastante nesse campeonato.

Além de você, o Grêmio é outra surpresa deste campeonato. Sinceramente, você esperava que o Tricolor chegasse tão longe no Brasileiro? Não, ninguém esperava. Por estarmos saindo da série B, o Mano iniciando um trabalho na série A pela primeira vez, a gente imaginava brigar por uma vaga na Sul-Americana e só. Mas o time foi se acertando rápido e, depois da parada para a Copa do Mundo, vieram reforços (Rafinha, Léo Lima e Rômulo) que ajudaram muito. Depois dali, deu para pensar um pouco mais alto.

Lucas Leiva marcou o primeiro gol desde o retorno -
Lucas Leiva em seu retorno ao Grêmio em 2022 (Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

O que foi mais difícil, subir para a série A em 2005 ou se classificar para a Libertadores no Brasileiro desse ano? São coisas diferentes, mas foi muito mais difícil subir para a série A! Até pela maneira como veio a classificação, aquela partida contra o Náutico… São campeonatos bem diferentes. Na série A, é claro que o nível técnico é outro. O jogo, em si, é mais difícil. Você enfrenta equipes que chegam duas, três vezes ao ataque e fazem pelo menos um gol. O jogo na Série B é muito corrido, muito mais agressivo, com muito mais faltas, os estádios são bem piores. Ter passado tudo o que gente passou na série B foi muito importante para eu poder chegar ao meu primeiro Brasileirão com um pouco mais de experiência.

Este ano falou-se muito de volantes habilidosos, no mundo inteiro, como Vieira, Pirlo, Maxi Rodrigues, o Mineiro e você no Brasil… Existe algum volante que o inspire? No Brasil, o Mineiro. O cara dispensa comentários. Tem um fôlego incrível, marca como ninguém, sempre na bola, e aparece bem no ataque. É completo, o melhor da posição hoje no Brasil. Fora do país, gosto do Pirlo. Ele joga muito. E também admiro o Deco, do Barcelona.

Com 19 anos e já convocado pelo Dunga, o que você almeja na seleção? Penso muito em Olimpíada. Tenho idade para jogar, o Brasil nunca ganhou. Se ganharmos a medalha de ouro, vamos entrar para a história. É meu objetivo mais próximo na seleção: ter uma chance no time olímpico.

Lucas Leiva, do Grêmio, comemorando o título de campeão da Série B nos Aflitos -
Lucas Leiva, do Grêmio, comemorando o título de campeão da Série B nos Aflitos (Edison Vara/Placar)

Loiro, habilidoso, despontando no futebol gaúcho. Muitos o comparam ao Falcão. Você acha que tem semelhanças mesmo ou é forçar a barra? Não tem comparação. Se eu fizer 20% do que o Falcão fez no futebol, já serei um cara realizado. Ele escreveu uma história na seleção, tem títulos no Brasil, na Itália, fez jogos históricos. Estou começando ainda. Quem me dera poder chegar aonde ele chegou…

O melhor jogador do campeonato fica para a Libertadores de 2007? Fica. Até porque não teve nenhuma proposta concreta que o Grêmio pensasse em aceitar. Minha prioridade é jogar a Libertadores, vai me dar experiência muito grande e o Grêmio vai se reforçar para tentar algo mais.

Você está obtendo a cidadania italiana. Jogar na Europa é inevitável? Isso acontece com todo mundo. O futebol europeu se encontra num outro nível financeiro e até mesmo de estrutura. Mas não é minha prioridade agora. Sei que minha hora vai chegar e não tenho pressa. A cidadania européia é apenas para facilitar as coisas.

Kaká, por exemplo, sempre mirou a Itália. Você tem algum clube, algum país em que queira jogar? Não. Já decidi que não vou me esconder num clube menos conhecido. Quando eu for embora, será para um clube de projeção grande, para jogar. Não tenho prioridade de país, mas de um clube que não me esconda.

Como você define o Mano Menezes? O Mano preza muito o jogador de grupo. Ele só busca e utiliza jogador de grupo.

O que é “jogador de grupo”? É aquele que sabe ficar na marcação, que vai para o ataque na hora certa, sem deixar os companheiros na mão. E taticamente o Mano já mostrou o seu valor. O Grêmio, que muita gente achava defensivo, encontrou um padrão de jogo e tivemos o segundo melhor ataque. Isso mostra que somos um time marcador, mas de funções táticas bem executadas.

Ele é muito bravo? Ah, ele é rígido, muito rígido. Dá muita bronca, cobra muito e exige trabalho.

Você já bateu uma bola com o seu tio Leivinha? A gente conversava mais quando eu jogava no interior de São Paulo, umas duas vezes por mês. Hoje, pela distância, nos falamos pouco. Meu tio é um cara que admiro muito, mas infelizmente não pude brincar com ele, não. O joelho dele não ajuda, né? Teve algumas operações e ele não consegue jogar mais.

Para quem você vai torcer no Mundial de Clubes? Vou torcer para o Barcelona. Um time que eu admiro muito… E também pela rivalidade. Claro que eu fico feliz de ter um representante do Sul no Mundial. Mas já está bom eles terem chegado lá, né? Não precisa ir adiante, não.

Você falaria tudo isso na frente do Fernandão? Falaria, sem problema nenhum (risos). Até porque eles também com certeza ficariam felizes de ver o Grêmio lá, mas jamais torceriam pela gente. É uma coisa normal de cada time do Sul.

1º Lucas (Grêmio)
2º Fernandão (Internacional)
3º Mineiro (São Paulo)
4º Aloísio (São Paulo)
5º Rogério Ceni (São Paulo)
6º Maldonado (Santos)
7º Diego (Palmeiras)
8º Iarley (Internacional)
9º Marcos Aurélio (Atlético-PR)
10º Wagner (Cruzeiro)

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