[Editado por: Marcelo Negreiros]
Em editoriais publicados nesta terça-feira, 1º, e quarta-feira, 2, os jornais Gazeta do Povo, O Estado de S. Paulo e Folha de S.Paulo criticam de forma convergente a decisão do governo Lula de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar restabelecer o decreto que aumentou o IOF e foi derrubado pelo Congresso. Em comum, todos afirmam que a manobra afronta a separação de Poderes e demonstra a incapacidade do governo de aceitar uma derrota política.
A Gazeta do Povo enfatiza principalmente o aspecto jurídico e constitucional. Para o jornal, Lula está “duplamente errado”: primeiro, ao insistir no aumento de impostos apenas para fechar as contas, e na sequência ao “judicializar uma decisão do Congresso depois de uma derrota acachapante”. O editorial lembra que o Congresso tinha base clara no artigo 49 da Constituição para sustar atos normativos que extrapolem o poder regulamentar e classifica o gesto de recorrer ao STF como hipocrisia.
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“A gente perde uma coisa no Congresso Nacional e, em vez de aceitar as regras do jogo democrático de que a maioria vença e a minoria cumpra o que foi aprovado, a gente recorre a outra instância para ver se a gente consegue ganhar”, recorda a Gazeta.
O Estadão coloca ênfase no desequilíbrio fiscal estrutural que o governo criou ao projetar metas inexequíveis e receitas fantasiosas. Para o jornal, a petição assinada por Lula e pela Advocacia-Geral da União “adiciona tensão a um conflito que não faz bem ao país” e escancara a antecipação da disputa eleitoral de 2026.
O editorial destaca que, independentemente de o STF validar ou não o aumento, a origem do problema foi o Orçamento insustentável e a escolha política de não cortar despesas. Como resume o texto, “constitucional ou não, o decreto do IOF é apenas uma pequena parte de um problema maior: o desequilíbrio orçamentário estrutural.”
Lula erra ao chorar no colo dos ministros do STF
Já a Folha focaliza a falência política do governo. Para o jornal, não houve sequer a tentativa de construir uma maioria, já que o decreto foi derrubado por ampla margem, e recorrer ao Judiciário mostra que “a sagacidade do petista, outrora reconhecida até por adversários, abandonou-o”.
A Folha ressalta que, mesmo que Lula vença no STF, a vitória será apenas uma “vitória de Pirro, altamente custosa”, porque o Congresso passará a sabotar projetos de interesse do Planalto. O editorial ainda afirma que apelar ao Supremo é apenas uma forma de tentar “corrigir a deficiência política do governo”.
Em síntese, os jornais concordam que Lula errou ao criar um decreto com finalidade exclusivamente arrecadatória, mascarando-o de regulação, e ao chorar no colo dos ministros do STF para reverter uma derrota legítima. Como diz a Folha, “meter-se já numa disputa eleitoral” e recorrer ao Judiciário tende apenas a piorar a situação política e fiscal do governo.
[Oeste]
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