Neste contexto, de procurar uma turma que o ache relevante e o aceite, que devem ser entendidas certas obscenidades faladas por Lula nos últimos meses. Como culpar a Ucrânia pela a invasão do seu próprio território ou, ontem, pedir para os oposicionistas venezuelanos pararem de chorar e indicarem outro candidato para competir com Nicolas Maduro em uma das eleições mais suspeitas de fraudes deste milênio. Caso os principais desafiantes não possam competir, como tem sido a tendência, não serão necessários nem mesmo olheiros internacionais para mostrar que são eleições para lá de suspeitas.
Estudiosos do nazismo registram em suas obras que uma das características intrigantes de regimes totalitários é a aceitação por parte da população do que seria consensualmente repulsivo em outros tempos. Práticas degradantes começam a se tornar rotina em países fechados e pouco a pouco começam a fazer parte do cotidiano nas pessoas. Longe, muito longe, de atribuir a Lula qualquer intenção autoritária interna, mas o que pode ocorrer é que suas falas algo sórdidas sobre as questões internacionais se tornem parte de nossa rotina e em breve as normalizamos. Afinal, é o que resta ao nosso presidente.
Por outro lado, tem faltado criatividade a Lula na sua defesa dos ditadores russo e venezuelano. Está repetitivo. Há uma série de regimes autoritários mundo a fora para ele louvar e tentar ajudar. Temos a hoje quase esquecida Cuba, que passa por grave crise de falta de alimentos – mas sempre é possível culpar o embargo dos EUA por tudo de desagradável que passe por lá. Coreia Norte é um exemplo bizarro, mas por ser antiamericana pode receber a bênção do governo brasileiro, assim como Irã. Pela Nicarágua já há certa simpatia histórica, mas é mais difícil estar do lado de países que perseguem até padres católicos.
A lista, entretanto, pode ser muito maior e oferecemos aqui algumas sugestões de países para o presidente Lula se aproximar e se consolidar como líder: Afeganistão, Mianmar, Mali, Somália, Burundi, entre tantas nações onde faltam prerrogativas democráticas – e direitos para as minorias. Mas, com certeza, o assessor internacional Celso Amorim já possui tal mapeamento para buscar algum contato efetivo.
Por: Estadão Conteúdo
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