Lula reafirma críticas a Trump e à ONU após encontro com primeiro-ministro da Índia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou nesta terça (8) as críticas que fez nos últimos dias ao seu homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, após o anúncio de uma possível taxação aos países do Brics por “políticas antiamericanas”, e à Organização das Nações Unidas (ONU) que, na visão dele, está enfraquecida e incapaz de interromper os atuais conflitos no mundo.

As críticas foram feitas após uma reunião bilateral que teve com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, no Palácio da Alvorada, em Brasília, em que reafirmaram a campanha para fazerem parte do Conselho de Segurança da ONU como membros permanentes.

“Queremos dizer ao mundo que somos países soberanos, não aceitamos intromissão de quem quer que seja nas nossas decisões soberanas, no jeito que nós cuidamos do nosso povo. E nós defendemos o multilateralismo porque foi o sistema que, depois da Segunda Guerra Mundial, permitiu que o mundo chegasse a um estado de harmonia que está sendo deformado hoje com o surgimento do extremismo”, disparou Lula.

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Lula ainda ressaltou que o mundo não quer uma “segunda guerra fria”, e sim um “comércio livre, multilateralismo, mais democracia e mais respeito à soberania dos nossos países”.

“Não aceitamos nenhuma reclamação contra a reunião do Brics. Não concordamos quando ontem [segunda, 7] o presidente dos Estados Unidos insinuou que vai taxar os países do Brics. O que nós queremos é fazer com que os nossos países possam progredir”, disse.

A possível taxação a países que se alinhem ao Brics foi anunciada na noite de domingo (6) por Trump em resposta às críticas feitas na declaração final da cúpula, que reclamou do uso de sobretaxas para forçar negociações unilaterais e defendeu o uso de moedas locais para as transações comerciais entre os membros do bloco.

Por outro lado, Lula não comentou diretamente a defesa que Trump fez ao ex-presidente Jair Bolsonaro nesta segunda (7), ao afirmar que ele está sendo perseguido politicamente.

Brasil e Índia no Conselho de Segurança

Ainda ao lado de Modi, Lula voltou a criticar a ONU e ressaltou que o Brasil e a Índia tem um “potencial extraordinário” de participarem do Conselho de Segurança como membros permanentes.

“Não é possível mais a gente ver a ONU enfraquecida e não sendo levada em consideração, e os membros do Conselho de Segurança que deveriam primar pela paz são exatamente aqueles que mais estimulam a guerra”, disse citando conflitos no Iraque, na Líbia e na Ucrânia.

Em particular no caso da Ucrânia, Lula adotou um tom diferente do feito durante a Cúpula do Brics no domingo (6), em que poupou a Rússia de críticas pela invasão e violação da soberania. Desta vez, junto de Modi, se colocou contra a guerra no Leste europeu e moderou na crítica ao conflito entre Israel e o Hamas, em Gaza.

“O mundo não precisa de guerra. O mundo precisa de respeito, cada país tem que respeitar a extensão territorial do outro. Por isso que nós condenamos a invasão da Rússia à Ucrânia, que não concordamos com o que está acontecendo com o povo palestino, embora cada um de nós respeite a decisão do outro país”, pontuou.

Ainda no discurso após o encontro com Narendra Modi, Lula citou que foi assinado um acordo de combate ao terrorismo e ao crime organizado transnacional, a abertura de uma adidância da Polícia Federal em Nova Delhi voltada ao combate a estes delitos, a ampliação da relação com o Mercosul e a expectativa de triplicar o fluxo comercial entre os dois países no curto prazo — atualmente em US$ 12 bilhões.

[Gazeta do Povo]

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