[Editada por: Marcelo Negreiros]
Lula chora durante discurso ao relembrar momentos em que passou fome
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva interrompeu o discurso duas vezes, chorando, após lembrar momentos em que passou fome como metalúrgico e na infância. Crédito: Canal Gov/Reprodução
BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, se emocionaram após o presidente detalhar como enfrentava a fome quando era metalúrgico, nas décadas de 1960 e 1970. O presidente também se disse “cada vez mais socialista”. O discurso de Lula durante a segunda reunião plenária do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), no Palácio do Planalto, foi interrompido diversas vezes por choros do petista.
“A Villares [antiga fábrica em que Lula trabalhou] não tinha refeitório. As pessoas iam comer no bar ou levavam marmita. Eu estava em uma situação tão precária que eu não tinha levado marmita. Eu fui para o bar e os companheiros, como você era novo de fábrica, ficavam oferecendo comida para você. Cada vez que eles colocavam um sanduíche de mortadela na boca, eu imaginava eu comendo aquele sanduíche. Eu ficava o tempo inteiro, com vergonha de dizer que estava com fome e voltava para trabalhar”, disse Lula antes de chorar no púlpito do Palácio do Planalto.
Em outro momento, lembrou que só teria comido pão pela primeira vez com 7 anos de idade e voltou a interromper o discurso, emocionado.
O presidente afirmou que a diminuição de desigualdades não ocorre se o tema não for transformado em causa política. Segundo o chefe do Executivo, a fome não é extinta a partir de políticas em que ele chamou de “quebra-galho”.
Lula disse ainda que o cuidado com os mais pobres deve vir do coração e não da consciência de um governo. “Estamos provando que isso é uma responsabilidade do Estado”, declarou.
“Se a gente deixar o governo e deixar uma coisa qualquer neste país, a fome volta outra vez. Não é prioridade. Não deveria ser um compromisso de um governo, deveria ser uma obrigatoriedade constitucional. Um governo que tiver uma pessoa passando fome tem que decapitar o presidente”, afirmou Lula.
Lula se diz, cada vez mais socialista
No evento, Lula também afirmou que é mais fácil resolver a crise tarifária com os Estados Unidos do que combater a fome e a miséria.
“Esse problema com os Estados Unidos, isso a gente resolve. É mais fácil resolver isso do que combater a fome e a miséria neste País”, afirmou Lula.
O presidente declarou que fica “bravo e radical” porque, perto de 80 anos, que irá completar em outubro, ele percebe que possui pouco tempo para enfrentar a fome no Brasil. No discurso, ele disse que sente que cada vez tem que ficar mais “esquerdista e socialista”.
“A gente pode fazer muito mais coisa do que a gente está fazendo. Esse é o desafio de quem já foi presidente três vezes. Cada vez mais eu tenho que fazer mais. Isso quer dizer que, cada vez eu vou ficar mais esquerdista, vou ficar mais socialista”, disse o presidente.
Lula afirmou também que o governo brasileiro precisa fazer parcerias com prefeituras para encontrar pessoas que enfrentam a fome. “O cara que planta não come a comida que ele planta. Os europeus que vendem veneno para nós, não comem comida envenenada”, afirmou Lula.
[Por: Estadão Conteúdo]
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