A música popular brasileira perdeu nesta quinta-feira (1º) uma de suas intérpretes mais marcantes. Aos 84 anos, faleceu Nana Caymmi, artista de voz inconfundível e sensibilidade profunda, cuja trajetória se entrelaça com grandes nomes da MPB — entre eles, Gilberto Gil, com quem foi casada entre 1967 e 1969.
Nascida em uma família musical, Nana teve uma vida artística intensa e pessoal igualmente rica. Após viver em Caracas, na Venezuela, com seu primeiro marido, o médico Gilberto José — pai de suas duas filhas, Stella e Denise —, Nana retornou ao Brasil já separada e iniciando uma nova fase de sua vida. Foi nesse período que se aproximou de Gil, com quem compôs a canção “Bom Dia”, apresentada no III Festival de Música Brasileira.
Em depoimento no livro Todas as Letras, Gil comentou a inspiração da música:
“A cena da mulher acordando o marido para ir trabalhar tem a ver com o fato de ela ter sido composta por mim e pela Nana Caymmi, no tempo em que estivemos casados. Era uma projeção inconsciente, uma homenagem à nossa vida juntos.”
O casamento chegou ao fim em 1969, quando o exílio forçado de Gilberto Gil para a Inglaterra, em decorrência da repressão da ditadura militar, tornou inviável a continuidade da vida a dois. Na época, Nana não pôde acompanhá-lo, já que tinha a responsabilidade de cuidar de suas filhas pequenas.
Apesar da separação, o respeito mútuo e a contribuição artística compartilhada entre os dois permaneceram como marcas de um relacionamento que ajudou a construir parte da história da MPB.
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