Número de mortos em enchentes no Texas passa de 100

[Editado por: Marcelo Negreiros]

As autoridades do Texas confirmaram nesta segunda-feira, 7, que ao menos 104 pessoas morreram em decorrência das inundações que atingem a região central do Estado desde a última sexta-feira, 4.

A catástrofe natural, concentrada especialmente ao longo do rio Guadalupe, já é considerada uma das mais letais da história do Texas. Segundo balanço oficial, houve 84 mortes no condado de Kerr, sete em Travis, seis em Kendall, quatro em Burnet, duas em Williamson e uma em Tom Green.

Entre os mortos, estão 56 adultos e 28 crianças. Há ainda 32 vítimas não identificadas, sendo 22 adultos e 10 crianças. De acordo com os governos municipal, estadual e federal, mais de 850 pessoas foram resgatadas com vida nas áreas afetadas.

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O acampamento de verão Camp Mystic, localizado às margens do rio Guadalupe, emitiu uma nota em que lamenta a morte de 27 pessoas. “Camp Mystic está de luto pela perda de 27 campistas e monitores após a catastrófica enchente no rio Guadalupe”, declarou a administração do acampamento.

“Nossos corações estão despedaçados junto aos de nossas famílias que estão passando por essa tragédia inimaginável”, disse, em nota. “Pedimos orações contínuas, respeito e privacidade para cada uma de nossas famílias afetadas. Que o Senhor continue envolvendo a todos nós com Sua presença.”

Entre os mortos está Dick Eastland, diretor do Camp Mystic, cuja morte foi confirmada por um parente nas redes sociais. Também perdeu a vida Jane Ragsdale, diretora do Heart O’ the Hills Camp, tradicional colônia de férias para meninas na região, onde atuava desde 1976. O acampamento não estava em funcionamento no momento da tragédia, mas havia monitores reunidos.

Rio sobe no Texas | Foto: Reprodução/Redes sociaisRio sobe no Texas | Foto: Reprodução/Redes sociais
Rio sobe no Texas | Foto: Reprodução/Redes sociais

O Serviço Nacional de Meteorologia (NWS) havia emitido um alerta de enchente na última quinta-feira, 3, para a região do Hill Country, no qual previa até 180 milímetros de chuva. No entanto, em algumas áreas, o acumulado superou 300 mm, o que fez o nível do rio subir mais de seis metros em menos de duas horas.

O meteorologista Jason Runyan afirmou à Texas Public Radio que o fenômeno foi resultado de um “nível quase recorde de umidade vertical na atmosfera” combinado com “os remanescentes de uma perturbação de nível médio do que antes era a tempestade tropical Barry”.

O rio Guadalupe subiu de forma abrupta e atingiu áreas residenciais, acampamentos e parques em questão de horas. “Foi um tipo de onda de cheia catastrófica descendo o rio Guadalupe”, explicou Runyan.

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A resposta à tragédia mobilizou centenas de equipes de resgate e ao menos uma dúzia de helicópteros. As buscas concentraram-se em acampamentos de verão e regiões ribeirinhas. No entanto, um incidente comprometeu parte das operações.

Um helicóptero de resgate teve que fazer um pouso de emergência depois de colidir com um drone operado de forma ilegal. As autoridades locais informaram que “um equipamento crítico está fora de operação até novo aviso, o que era totalmente evitável.”

O gerente da cidade de Kerrville, Dalton Rice, reforçou o alerta: “Estamos vendo drones pessoais voando, e isso representa um perigo para as aeronaves, o que compromete ainda mais as operações.”

Ajuda federal é confirmada para o Texas

No domingo, 6, o governo federal aprovou uma declaração de desastre para o Texas. Segundo nota oficial, o reconhecimento tem como objetivo “complementar os esforços de recuperação nas áreas afetadas por tempestades severas, ventos retilíneos e enchentes desde 2 de julho”.

A assistência inclui subsídios para habitação temporária e reparos, empréstimos com juros baixos e programas de apoio às famílias afetadas. O governador republicano Greg Abbott já havia assinado uma declaração de emergência para Kerr e outros 13 condados. No sábado, o condado de Bexar também foi incluído.

Em pronunciamento, Abbott declarou: “Muitas pessoas foram engolidas por uma catástrofe extraordinária”, lamentou. “Isso precisa de Deus, mas também precisa de uma resposta robusta dos governos estadual e local e dos moradores das comunidades afetadas.”

O deputado federal Chip Roy relatou o resgate de uma menina que “flutuou por três horas sobre um colchão” antes de ser localizada com vida. Moradores como Mary Stone, professora em Kerrville, disseram estar “devastados”, mas mantêm esperança. “É perturbador, mas ao mesmo tempo sei que vamos seguir em frente”, afirmou. “É assim que nossa comunidade é.”

Muitos têm expressado frustração quanto à ausência de sistemas de alerta mais eficientes. O juiz do condado de Kerr, Rob Kelly, afirmou: “Não temos um sistema de alerta no rio, não sabíamos que essa enchente viria”, alegou. “Tenham certeza: ninguém sabia que esse tipo de enchente viria. Temos enchentes o tempo todo.”

Kristi Noem | Foto: Gage Skidmore/Wikimedia Commons

A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, reconheceu que “todos querem mais tempo de aviso” e criticou a defasagem tecnológica do NWS. “Estamos trabalhando para modernizar as tecnologias que foram negligenciadas por tempo demais.”

Vigílias em memória das vítimas são organizadas em diversas cidades. Em San Antonio, uma cerimônia pública ocorreu às 20h30 desta segunda-feira, no Travis Park. Em Houston, mais de 100 pessoas se reuniram em uma escola primária no sábado para orar por Greta Toranzo, uma das meninas desaparecidas no condado de Kerr.

Moradores e ex-frequentadores dos acampamentos afetados também se manifestaram nas redes sociais. Uma ex-campista escreveu: “Meu lugar favorito em todo o mundo foi destruído”, lamentou. “Ainda assim, estou agradecida por tudo o que aprendi ali.”

As autoridades continuam os trabalhos de busca por desaparecidos e de recuperação dos corpos. Enquanto isso, voluntários percorrem as margens do rio em busca de sobreviventes, e famílias aguardam notícias de seus entes queridos.

A paisagem, antes marcada por colinas verdes e áreas de lazer, agora está repleta de destroços, lama e veículos destruídos. As chuvas persistem na região e um alerta de enchente permanece em vigor.

Leia também: “A América sempre reage”, artigo de Ana Paula Henkel publicado na Edição 242 da Revista Oeste

[Oeste]

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