
Photo Courtesy of Sr. Amata CSFN
Um santuário para as lágrimas de Jesus
No Evangelho de Lucas é narrada a lamentação que Jesus faz ao ver a cidade de Jerusalém. Entre lágrimas, Jesus disse: “Se tu também compreendesses hoje o que te pode trazer a paz! Agora, porém, está escondido aos teus olhos! Dias virão em que os inimigos farão trincheiras, te sitiarão e te apertarão de todos os lados” (Lc 19,41-44). Este trecho conta literalmente que quando Jesus estava chegando a Jerusalém, viu a cidade e começou a chorar, antes de seu lamento sobre a paz; contudo, no capítulo 13 de Lucas, Jesus já havia dirigido palavras tristes sobre Jerusalém ao prever sua morte naquela cidade.
História
A história confirmou o lamento de Jesus com a destruição do Tempo,aproximadamente 40 anos depois das palavras de Jesus; e no ano 135 toda a cidade foi arrasada para dar lugar a uma nova cidade idealizada pelo Imperador Adriano.
Atualmente chamado pelo nome em latim de Dominus flevit, quer dizer literalmente “o Senhor chorou”, o santuário se ergue no lugar em que Jesus teria pronunciado essas palavras e chorado, em uma espécie de mirante sobre a cidade de Jerusalém.
Além dos episódios bíblicos, os cristãos já peregrinavam para esse local chamado de Monte das Oliveiras já no século IV segundo os relatos de Eusébio de Cesaréia e da peregrina Egéria.
O templo atual foi construído em 1950. O projeto foi realizado pelo arquiteto Antonio Barluzzi, com supervisão dos franciscanos. A forma do edifício assemelha-se a uma gota, apelado assim às lágrimas de Jesus. No chão estão mosaicos preservados desde o século VII.
Em uma homilia do século IV, Orígenes interpreta o choro de Jesus sobre a Cidade Santa e questiona: “Me pergunto se por acaso aquelas lágrimas não se referem também à nossa Jerusalém; nós somos de fato, a Jerusalém sobre a qual Jesus chorou, nós que acreditamos possuir grande conhecimento dos mistérios.”
Reflexão
Por ocasião de uma peregrinação ao santuário, Frei Ulise Zarza, formador do Seminário Teológico de Jerusalém e docente de patrística no Instituto Teológico de Jerusalém afirmou que “Jesus chora por causa dela. Jesus chorou certamente quando era criança e chorou pelo seu amigo Lázaro; o seu pranto agora é diferente. O motivo do pranto do Filho de Deus é a recusa do seu amor infinito por parte dos homens, porque não reconheceram o tempo em que foram visitados.”
Segundo Frei Alessandro Coniglio, professor do Studium Biblicum Franciscanum, “o Deus que chora por nós é o Deus de Jesus Cristo, que se faz homem e que partilha plenamente a nossa mesma condição humana, e por estar assim tão envolvido na história humana passa a ser cada um de nós plenamente. Ele não olha impassível para a miserável condição do homem pecador, mas entra na história porque tem esta solicitude com o bem do homem, ao qual está vinculado por um pacto de eterna aliança”


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