No programa Última Análise desta segunda-feira (28), os convidados analisaram os últimos desdobramentos do caso de Filipe Martins, ex-assessor para Assuntos Internacionais de Jair Bolsonaro, considerado peça-chave na acusação de golpe de Estado, comanda por Alexandre de Moraes. Neste domingo (27), em editorial, o prestigiado jornal americano The Wall Street Journal afirmou que Martins deveria estar em liberdade e divulgou uma suposta fraude de informações que envolve o caso.
A acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta para uma tentativa de fuga de Filipe Martins, junto com outros aliados de Bolsonaro, logo após as eleições presidenciais de 2022. Porém, o veículo americano traz a informação de que alguém, trabalhando dentro da alfândega americana, em nome de interesses políticos opostos a Bolsonaro, teria fraudado a entrada de Martins nos Estados Unidos.
“O fato revela muito como as coisas acontecem no Brasil, porque nós normalizamos esse tipo de coisa. Os Estados Unidos estão colocando uma ‘lupa’ para mostrar como as coisas são aqui”, avaliou o escritor Francisco Escorsim. Segundo ele, o caso de Filipe Martins é símbolo da injustiça de todo o processo e evidencia a conotação política da acusação.
A alegação de que o ex-assessor teria viajado para território americano é baseada em registros não-oficiais, juntados pela PGR. Porém, a defesa de Martins apontou que os registros oficiais corroboram a versão de que a viagem não ocorreu. “A fragilidade da prova documental é gritante”, criticou Escorsim.
Já o jurista André Marsiglia criticou a divulgação do caso de Filipe Martins somente agora, o que revela um medo por parte dos veículos: “O caso é tão intuitivo em termos de injustiça, mas a imprensa só se preocupou com caso quando não puderam entrevistá-lo. Ninguém o defende por medo de ser carimbada como ‘bolsonarista”.
Áudios de Bolsonaro favorecem ex-presidente
Em reportagem publicada pelo jornal Estadão, foram divulgados mensagens do celular de Jair Bolsonaro, vazadas pela Polícia Federal. Porém, em vez de incriminá-lo, o conteúdo reforça a defesa do ex-presidente. Dentre os trechos, Bolsonaro se mostra preocupado com o rótulo de “extrema-direita” e tenta resolver disputas partidárias regionais.
“Além de não ter nada comprometedor, apenas confirma aquela característica de Bolsonaro de não ter filtro. Por um lado, é uma virtude e, por outro, também foi a causa pela qual perdeu as eleições”, observa Escorsim.
Ainda, Bolsonaro demonstra indignação ao comentar notícias relacionadas às investigações sobre as joias sauditas, em que o Ministério Público Federal (MPF) apontou suspeitas de peculato. “Indícios pra me incriminar com peculato? É uma piada, realmente”, desabafou o ex-presidente.
O jornalista Rafael Fontana afirma que os áudios mostram apenas um mandatário preocupado com os rumos do país. “Esse vazamento me lembra aquele da reunião de Bolsonaro com os ministros. É o vazamento que ajuda a pessoa”, ele avalia.
O programa Última Análise faz parte do conteúdo jornalístico ao vivo da Gazeta do Povo, no YouTube. O horário de exibição é das 19h às 20h30, de segunda a sexta-feira. A proposta é discutir de forma racional, aprofundada e respeitosa alguns dos temas desafiadores para os rumos do país.
[Gazeta do Povo]
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