Partido propõe que Moraes seja proibido de entrar em Portugal

[Editado por: Marcelo Negreiros]

O partido português Chega apresentou, nesta segunda-feira, 8, um projeto de resolução na Assembleia da República com o objetivo de proibir a entrada do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil, Alexandre de Moraes, em território português. A proposta se baseia em acusações de que o magistrado promove uma campanha contra a liberdade, a democracia e os direitos fundamentais no Brasil.

A iniciativa partiu da bancada do partido Chega, legenda de direita liderada por André Ventura, que atualmente possui 60 deputados. No documento, os parlamentares solicitam ao governo português que vete o acesso de Moraes ao país e reafirme, em fóruns internacionais, o compromisso de Portugal com valores democráticos.

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Segundo o texto, a atuação do ministro tem sido marcada por “abusos de autoridade, censura e perseguição política”. Os deputados argumentam que, como relator do inquérito sobre a suposta tentativa de golpe de Estado, Moraes impôs medidas restritivas ao ex-presidente Jair Bolsonaro consideradas “draconianas”, como prisão domiciliar, uso de tornozeleira eletrônica e restrições ao uso de redes sociais.

Ainda de acordo com o projeto, tais ações se baseiam em “indícios frágeis e politicamente motivados” e configurariam uma tentativa de “silenciamento da oposição política” às vésperas das eleições presidenciais de 2026.

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O partido português também acusa Moraes de promover censura em larga escala. São citadas decisões que resultaram em bloqueios de contas bancárias, prisões sem denúncia formal, retirada de passaportes e remoção de conteúdos on-line. O documento menciona como exemplos a censura à revista Crusoé, a proibição do documentário Quem Mandou Matar Jair Bolsonaro?, da produtora Brasil Paralelo, e a prisão de figuras como o humorista Bismark Fugazza e o jornalista Oswaldo Eustáquio.

A resolução destaca ainda que o ministro foi alvo de sanções internacionais. Em julho, os Estados Unidos aplicaram a Lei Magnitsky a Moraes, sob a alegação de que ele conduz uma “campanha opressiva de censura, detenções arbitrárias e processos politizados”. A penalidade incluiu o bloqueio de bens, restrições a transações com empresas norte-americanas e revogação de visto.

André Ventura, presidente do Partido Chega, de Portugal, defende BolsonaroAndré Ventura, presidente do Partido Chega, de Portugal, defende Bolsonaro
André Ventura, presidente do Partido Chega, de Portugal, defende Bolsonaro | Foto: Reprodução/ Redes sociais

Na ocasião, o presidente norte-americano Donald Trump classificou as decisões do magistrado brasileiro como uma “caça às bruxas”. Como retaliação, o governo dos EUA impôs uma tarifa de 50% sobre produtos de exportação brasileiros.

Para os deputados do Chega, a imposição da Lei Magnitsky sinaliza uma preocupação internacional crescente com a conduta do ministro. “A aplicação de tais medidas a Moraes deixa patente a crescente percepção internacional de que as ações do juiz comprometem a liberdade de expressão e a independência judicial no Brasil”, afirma o texto.

O partido conclui que, diante do “rumo repressivo” e da “escalada de tensão social” no Brasil, Portugal tem o dever de se posicionar. “Portugal pode, com esse gesto, mostrar cristalinamente a sua rejeição de rumo que não se limita a ser injusto, cínico ou castrador das liberdades públicas — é, também, profundamente perigoso”, afirmam os parlamentares.

A resolução ainda aguarda deliberação na Assembleia da República.

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[Oeste]

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