Apostar em uma dieta vegana, que exclui carne, laticínios, ovos e outros ingredientes de origem animal da rotina, não é uma tarefa simples. Uma pesquisa da ONG inglesa Veganuary mostra os desafios da jornada. Foram ouvidas 16 829 pessoas do mundo todo, que aderiram a um programa informativo da ONG.
A iniciativa propõe a adoção do veganismo por um mês. Antes de entrarem no projeto, 41% dos participantes se declararam onívoras (isto é, não tinham restrições na dieta) e 29% já eram vegetarianos (não comiam carne, mas consumiam ovos, leites e derivados). Entre as principais motivações para tentar o veganismo, eles citaram preocupação com os animais (40%), a saúde pessoal (21%) e o meio ambiente (18%).
Mas nem todo mundo conseguiu seguir essa dieta: 64% dos respondentes acabaram consumindo algum item de origem animal no período. Durante os 30 dias, 36% dos indivíduos se mantiveram totalmente fiéis ao novo padrão alimentar, sendo que 25% relataram que permaneceriam veganos. Embora a maioria dos participantes não tenha cumprido totalmente o objetivo, vale ressaltar que 72% afirmaram que reduziram o consumo de produtos de origem animal no dia a dia.
Vale destacar que, do ponto de vista de saúde, é justamente o que muitos especialistas defendem: ou seja, não é preciso necessariamente virar vegano para colher benefícios.
O fenômeno plant-based O abuso de carnes em geral, mas principalmente a vermelha, eleva o risco de uma série de doenças, como diabetes, problemas cardiovasculares e câncer. Os impactos positivos no corpo
Ao serem questionados sobre quais benefícios à saúde notaram ao limitar o consumo de itens de origem animal, 47% relataram uma melhora significativa em sua saúde geral, 46% disseram ter mais energia e 49% notaram mudanças positivas no estado de ânimo. “Isso ocorre porque as pessoas passam a comer mais verduras, legumes, leguminosas e frutas.
É um novo estilo de vida”, interpreta Vitória Dadalt, nutricionista da Nutrifofo, em Porto Alegre. Há estudos ligando o veganismo ao melhor controle do colesterol alto, da obesidade e da hipertensão. Especialistas deixam claro, no entanto, que não basta focar em exclusões. Por exemplo: não adianta trocar a carne pela batata frita ou o queijo por um pacote de salgadinho. Em resumo, é fundamental ter atenção àquilo que entra no lugar do alimento de origem animal.
Como aderir ao veganismo? Ninguém se torna vegano do dia para a noite, ressaltam os especialistas. Inclusive, vale mais a pena se dedicar a uma mudança sem pressa, dentro do ritmo de cada um. Isso favorece a formação de hábitos duradouros. “Tentar é um primeiro grande passo. Nem todas as pessoas conseguirão fazer a transição para o veganismo em curto prazo”, analisa Mauricio Serrano, diretor da Veganuary na América Latina. “Mas reduzir o consumo de produtos de origem animal pode ser um fator determinante para uma mudança no padrão de consumo no médio prazo ou até para deixar de comer carne completamente”, opina o executivo.
Flexitarianismo: por mais equilíbrio e consciência na alimentação Investir em uma mudança lenta pode ajudar a superar as dificuldades que vão surgindo. Na pesquisa, ao serem questionados sobre o principal desafio encontrado no processo, 29% dos participantes relataram que era comer fora, para 21% era encontrar amigos e família e 14% sentiram falta de alimentos não veganos. Entre os alimentos que mais deram saudade, estavam: Queijo (36%) Ovos (14%) Peixe (8%) Frango (7%) Iogurte (7%) Chocolate com leite (6%) Derrubando mitos
Achar que é preciso ser rico ou um chef de cozinha para virar vegano são alguns mitos que circulam por aí. Mudanças são complexas, mas não impossíveis. “A oferta de ingredientes para a culinária vegana é muito ampla no Brasil e na América Latina. Existe uma enorme variedade de produtos versáteis do reino vegetal com os quais podemos criar preparações rápidas e fáceis”, diz Serrano. Uma dúvida constante entre os participantes do programa, segundo o executivo, é sobre a necessidade de suplementação para quem sempre comeu carne. “Uma transformação alimentar deve ser sempre bem planejada. Por isso, contar com um profissional é sempre bom, independentemente do tipo de mudança alimentar”, aponta Mauricio. Continua após a publicidade
É esse profissional que vai, por exemplo, orientar sobre o cardápio do dia a dia e investigar a necessidade de suplementação. + Leia também: Veganos e vegetarianos têm ossos mais fracos? A definição de um novo plano alimentar é algo que deve ser bastante individualizado, segundo Vitória. “Tem pessoas que comem de tudo, aí fica mais fácil garantir que todos os nutrientes essenciais estejam no cardápio. Já quem tem o gosto mais limitado pode precisar de suplementação”, exemplifica a nutricionista. Não custa lembrar que, dependendo da qualidade da dieta, mesmo indivíduos onívoros correm o risco de apresentar deficiências nutricionais. O que significa ser vegano? “O veganismo vai além da alimentação. Trata-se de um estilo de vida em que a pessoa presta atenção em tudo o que consome, como roupas, maquiagem, produtos de limpeza, entre outros”, lembra Vitória.
É que existem empresas que ainda utilizam animais em testes para a elaboração de produtos ou substâncias de origem animais em suas fórmulas. O veganismo interfere até na escolha do tipo de entretenimento: zoológico, circo e aquário são exemplos de atividades evitadas pelos adeptos. Outra emergência reconhecida pela população que decide por esse estilo de vida é a importância de zelar pelo meio ambiente. Quando uma pessoa coloca carnes e laticínios na rotina com frequência, contribui para uma produção cinco vezes maior de gases do efeito estufa do que quem prioriza itens de origem vegetal. O consumo excessivo de água pela agropecuária também tem impacto significativo para o meio ambiente. E quem tira a carne por apenas um dia da semana economiza 60 litros de água – sem falar que deixa de jogar 11 kg de gás carbônico na atmosfera, segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). De olho nesse efeito, há até um movimento chamado Segunda sem Carne, que visa estimular a prática esporádica do veganismo para aproximar as pessoas desse estilo de vida.
Entrevista: veganismo é coisa de rico? Aprenda algumas receitas veganas Pad Thai(macarrão tailandês) Ingredientes Macarrão Tagliatelle ou macarrão de abobrinha 400 g de tofu firme (na versão defumada, já há mais sabor, então não é preciso marinar) Legumes que você tem na geladeira e que você gosta. Nessa receita, vai cenoura, cogumelos, berinjela e abobrinha italiana (a quantidade depende do número de pessoas) 1/4 xícara de molho de soja 1 colher de chá de amido de milho Amendoim para colocar por cima e gergelim, se quiser Preparo Lave e corte todos os legumes como quiser Corte também o tofu e tempere, se precisar Cozinhe o macarrão. Em uma panela, refogue todos os legumes começando pelas cenouras e berinjelas (elas têm um tempo de cozimento maior) Adicione os cogumelos e quando estiverem quase prontos, adicione as abobrinhas e deixe por alguns minutos até amolecer um pouco. Adicione o tofu e refogue
Adicione o molho de soja Em uma tigela pequena coloque a colher de chá de amido de milho com um pouco de água e dissolva o amido de milho, adicione à panela e mexa até o molho engrossar Junte o macarrão com o refogado Decore com amendoim e gergelim. Receita elaborada por @veganoyconsciente, e divulgada pela Veganuary Omelete de mandioca Ingredientes 1 mandioca 3 colher de sopa de azeite 1 cebola roxa 1 dente de alho 2 colheres de sopa de levedura nutricional sal Preparo Descasque e corte a mandioca. Coloque em uma panela e leve ao fogo até ficar macio. Coe e reserve alguns minutos até esfriar um pouco Pique a cebola e coloque-a num tacho com um pouco de azeite, sal e o dente de alho esmagado. Refogue em fogo baixo, mexendo sempre com uma colher de pau, até a cebola ficar macia
Com um garfo, amasse a mandioca até formar um purê
Adicione o azeite, a cebola e os alhos salteados e a levedura nutricional. Misture tudo e depois amasse com uma mão para integrar tudo Forme pãezinhos com as mãos e amasse para formar uma tortilha Aqueça uma frigideira com um pouco de óleo e coloque as tortilhas em fogo baixo. Tampe a panela e cozinhe por alguns minutos até que a base da tortilha esteja dourada. Vire e cozinhe mais alguns minutos. Sirva com abacate, raspas de limão e coentro picado. Receita elaborada por Loli Alliati, e divulgada pela Veganuary Não-Salmão Ingredientes 250 g de tofu…