PL aposta em desgastar Lula e nega que tentará demover Trump de taxas

O PL do ex-presidente Jair Bolsonaro não fará contato com o governo Donald Trump para demover o presidente dos Estados Unidos a cancelar a taxação de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada nesta semana. Segundo o líder da legenda na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), a bomba foi armada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e caberá a ele desarmá-la. Bolsonaristas só agirão, afirmou o parlamentar, caso o Planalto assuma que não conseguiu negociar e peça ajuda à oposição.

Trump, tarifas, Brasil e Bolsonaro

  • Trump tem ameaçado o mundo com um tarifaço e dá atenção especial ao grupo do Brics e ao Brasil.
  • O presidente norte-americano já ameaçou aplicar taxas de 100% aos países membros do bloco que não se curvassem aos “interesses comerciais dos EUA”.
  • Após sair em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, Trump ameaçou aumentar as tarifas sobre exportações brasileiras (e cumpriu posteriormente). De acordo com o líder norte-americano, o Brasil não está “sendo bom” para os EUA.
  • Lula informou que a resposta brasileira à taxação será por meio da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica.
  • Ao anunciar tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, Trump indicou que pode rever a medida se o Brasil abrir seu mercado e remover barreiras comerciais.

“Sem fundamento [procurar o governo dos EUA], pedidos foram feitos, o governo procurou [a taxação] com decisões equivocadas. Trump foi claro, o governo Lula tem 21 dias. A Casa Branca tem dois objetivos: parar a perseguição jurídica a Bolsonaro e parar centenas de ordens ilegais secretas que ferem a liberdade de empresas americanas. E deixa uma janela de oportunidade”, afirmou o líder do PL ao Metrópoles.

Sóstenes completou: “Isso é problema do governo Lula. Se quiser pedir a oposição, eles que peçam. Quem criou, que resolva o problema. Quem tem que resolver é o governo, tem 21 dias. Se não resolver, é incompetente, e se quiser pedir ajuda à oposição, estamos dispostos a ajudar”.

6 imagensBolsonaro e Tarcísio 2Eduardo BolsonaroPresidente dos EUA, Donald TrumpJason Miller com Jair Bolaonaro e Eduardo Bolsonaro em 2021Bolsonaro e TarcísioFechar modal.1 de 6

Deputado Sóstenes Cavalcante é aliado do ex-presidente

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados2 de 6

Bolsonaro e Tarcísio 2

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Eduardo Bolsonaro

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Presidente dos EUA, Donald Trump

Andrew Harnik/Getty Images5 de 6

Jason Miller com Jair Bolaonaro e Eduardo Bolsonaro em 2021

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Bolsonaro e Tarcísio

A possibilidade de atuação do PL para demover Trump da taxação sobre os produtos brasileiros chegou a ser aventada nos bastidores, principalmente após a divulgação de levantamentos da Bites e da Nexus sobre a percepção das redes sobre o tema. Segundo as pesquisas, a narrativa do governo Lula levou a melhor no ambiente digital, e aumentou o temor de que Bolsonaro e aliados saiam prejudicados na opinião pública.

Um dos alvos é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), visto como “queridinho” da Faria Lima para concorrer ao Planalto no próximo ano. O gestor paulista elogiou o discurso de Trump na segunda-feira (7/7) contra as instituições brasileiras por causa do processo que tem Bolsonaro como alvo. A posição foi vista como um prenúncio da sanção pela Casa Branca, e levou a cobranças durante a semana.

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O governador de São Paulo, porém, não recuou. Assim como o PL, dobrou a aposta no discurso de que a sanção de Trump ocorre como uma maneira de combater uma suposta perseguição política a Bolsonaro. Tarcísio, inclusive, esteve em Brasília nesta quinta-feira (10/7) para uma agenda com o ex-chefe. Eles almoçaram numa churrascaria.

Antes, Tarcísio reclamou em vídeo: “As pessoas não querem saber de narrativa, querem ver o trabalho acontecendo para melhorar a vida delas, para resolver os problemas que estão postos. Quem está no governo tem que governar. É isso que a população espera”.

Após o anúncio da taxação, ele culpou o Planalto: “Lula colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado. Tiveram tempo para prestigiar ditaduras, defender a censura e agredir o maior investidor direto no Brasil. Outros países buscaram a negociação. Não adianta se esconder atrás do Bolsonaro. A responsabilidade é de quem governa. Narrativas não resolverão o problema”.

Família Bolsonaro

Uma ala da oposição admite, nos bastidores, que a taxação pode ser um tiro que saiu pela culatra para o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro. Ele está desde fevereiro nos EUA , articulando sanções do governo Trump contra o Brasil. O parlamentar tem afirmado às autoridades norte-americanas que o pai é alvo de um processo injusto e perseguição política. Após o anúncio da tarifa, ele afirmou que o entendimento da Casa Branca sobre a situação brasileira foi correta.

Nesta quinta-feira, Eduardo dobrou a aposta. “O presidente Jair Bolsonaro não pode resolver a ‘Tarifa-Moraes’. Botar pressão nele ajudará absolutamente 0% na solução do imbroglio. Moraes pode começar a resolver este problema com sua caneta ou mesmo parando de enviar a PF [Polícia Federal] na casa de parlamentares e seus parentes”, escreveu no Twitter o parlamentar, cotado a disputar a eleição presidencial em 2026.

Outro filho do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) seguiu o irmão: “Meu Deus, ainda não entenderam a profundidade do buraco em que Lula e Moraes enfiaram o Brasil. A negociação se dará nos mesmos termos de um contrato de adesão. E quanto antes devolvermos a democracia ao Brasil, com anistia, resgate da liberdade de expressão e impeachment de Moraes, menores serão os danos”, publicou o parlamentar.

[Metrópoles]

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