[Editada por: Marcelo Negreiros]
Integrantes da cúpula do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, fizeram vista grossa ao abalo que o tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, provocou entre alguns setores aliados do bolsonarismo, e mantiveram a aposta de que o mais prejudicado com essa crise será o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Um representante que tem interlocução nas estratégias do PL disse à Coluna do Estadão que trabalha com dois cenários. No primeiro, a curto prazo, prevê um impacto grande na economia. E, nas entrelinhas, embora não admitam, os bolsonaristas adotam a lógica do “quanto pior melhor”.
Como a carta de Trump já elevou o dólar, essa ala estima que, em breve, haverá também aumento dos juros e da inflação. Com a alta dos preços nos supermercados, o eleitor passará a reprovar mais a gestão petista e o governo Lula ficará com o ônus. Dessa forma, os “porta-vozes” do bolsonarismo reforçarão o discurso nas redes de que “a culpa é do Lula”.
No segundo panorama, a avaliação é que se essa narrativa não funcionar, Jair Bolsonaro poderia entrar em campo e “colher os louros” como “salvador da pátria”. Ele ou o filho Eduardo Bolsonaro(PL-SP) poderia servir de ponte para abrir diálogo com o presidente norte-americano e tentar chegar a um acordo com os EUA. Nesse caso, o ex-presidente alardearia que o prejuízo foi revertido graças a uma ação dele.
Reação negativa ao bolsonarismo após o anúncio do tarifaço
Como mostrou o Estadão na quinta-feira, 9, levantamento do analista em monitoramento de redes sociais Pedro Barciela mostra que 78% das menções à crise expressam repúdio à taxação dos produtos brasileiros e à atuação da família Bolsonaro, especialmente à do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro.
A Coluna do Estadão também mostrou que o tarifaço coloca o agronegócio em choque com o bolsonarismo. O setor é historicamente aliado ao ex-presidente Jair Bolsonaro e ao movimento de direita do seu entorno.
Agora, contudo, empresários e políticos do ramo se veem numa encruzilhada: precisam contestar a medida unilateral de Trump, mas sem reconhecer as digitais do bolsonarismo no movimento que vai impactar fortemente a economia do campo.
Esse dilema vai testar a solidez da relação do setor com o ex-presidente e até mesmo com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apontaram, sob reserva, lideranças empresariais e políticas do agronegócio.

O ex-presidente Jair Bolsonaro com o presidente dos Estados Unidos Donald Trump Foto: Alan Santos/Presidente da Repúb
[Por: Estadão Conteúdo]
Descubra mais sobre
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.