Políticos da direita se unem na Paulista de olho 2026, mas eleitores moderados seguem apáticos

[Editada por: Marcelo Negreiros]

A foto que a direita precisava, desde as eleições municipais de 2022, finalmente saiu. Neste domingo, na Avenida Paulista, os caciques do conservadorismo brasileiro conseguiram – por algumas horas – silenciar o fogo amigo e posar como um time coeso.

É uma curiosa e paradoxal cena, reveladora de uma versão do bolsonarismo bem diferente daquela que o transformou em uma grande força mobilizadora de multidões. Nesse novo modelo, aquele movimento que nasceu como antítese do sistema político tradicional se mostra completamente dominado por ele.

Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, Ratinho Júnior (PSD), governador do Paraná, Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, Ronaldo Caiado (União), governador de Goiás Foto: Divulgação

Essa transformação ajuda a explicar a redução do interesse de uma grande parte do público em participar desse tipo de protesto. Tanto que o volume de pessoas presentes desta vez foi quatro vezes menor do que o que se apresentou na Paulista em fevereiro do ano passado. Um sinal de desgaste que já havia sido notado na manifestação de Copacabana.

O bolsonarismo, que já foi projeto de futuro, virou nostalgia. E uma nostalgia ressentida. A pauta da anistia aos condenados do 8 de janeiro não mobiliza o grande público, e, na verdade, também não empolga parte significativa dos líderes presentes no ato. Para esses, o verdadeiro interesse se concentra na disputa pelo espólio político de Jair Bolsonaro.

Romeu Zema, Ratinho Jr., Caiado e Tarcísio sabem que, em 2026, quem herdar os votos do ex-presidente já entra muito forte na corrida presidencial. Mas eles enfrentam um problema, pois o que antes foi insurgência popular hoje soa como cálculo político. Algo que o eleitor percebe e que, se não for bem trabalhado, pode atrapalhar essa transferência de votos.

A grande questão é que o Brasil mudou. Enquanto a militância mais engajada ainda vibra com discursos de palanque, o eleitor moderado, que hoje decide eleições, quer saber do preço da carne, do gás, do crédito. Quer propostas que não estavam na Paulista.

Nesse vácuo deixado pela direita que olha para trás e por uma esquerda cansada, algo silencioso se move. Grande parte dos eleitores está apática, esperando por um horizonte que ainda não apareceu nos discursos.

A Paulista deste domingo mostrou que as lideranças da direita brasileira conseguem se reunir. O que elas não sabem ainda é para onde ir.

[Por: Estadão Conteúdo]

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