As tensões entre os dois países já é antiga, motivada por disputas de influência sobre a região.
Na noite do dia 13 de junho, Israel bombardeou centrais nucleares, instalações militares e cidades iranianas, obtendo respostas do Irã e dando início a um conflito que durou até o cessar-fogo proposto pelos Estados Unidos nesta terça (24).
Segundo a CNN, o ataque israelense tinha como objetivo impedir um possível desenvolvimento de armas nucleares, porém a diferença entre os dois países não é algo recente.
Por que Israel e Irã não se dão bem?
De acordo com o professor de Geopolítica da Escola Superior de Guerra (ESG) Ronaldo Carmona em entrevista a Agência Brasil, Israel e Irã estão disputando pela ampliação das esferas de influência no Oriente Médio.
Mas, para entender melhor este conflito é importante conhecer o passado dos dois países. De acordo com matéria publicada pela BBC Brasil, o Reino Unido assumiu o controle da área conhecida hoje como Palestina na Primeira Guerra Mundial. O território era ocupado por uma maioria árabe, uma minoria judia e outros grupos étnicos.
Quando o Reino Unido apoiou o estabelecimento de uma “nação” na Palestina para o povo judeu, as tensões entre os dois grupos se intensificaram, uma vez que a Palestina perderia parte de seu território para o estabelecimento de um novo país (Israel). O cenário motivou uma série de disputas, como a primeira guerra árabe-israelense de 1948, a Guerra dos Seis Dias em 1967 e os ataques recentes na Faixa de Gaza.
Desde a fundação de Israel em 1948, o Irã comanda o eixo de resistência islâmica a Israel, financiando grupos contrários a Israel.
“O eixo de resistência é exatamente esse conjunto de forças islâmicas aliadas, lideradas por Teerã [capital do Irã], que inclui, o Hamas, o Hezbollah, os houthis no Iêmen, milícias iraquianas e incluía o antigo governo sírio de Bashar al-Assad. Isso perdurou por décadas”, detalhou Carmona.
No entanto, o professor relembrou que esse eixo de resistência foi enfraquecido por uma sucessão de golpes, em sua maioria patrocinados por Israel. Isso possibilitaria um projeto expansionista por parte de Israel, liderado pelo Primeiro Ministro Benjamin Netanyahu.
“O que a gente pode concluir dessa situação toda é que exatamente o Netanyahu está observando essa janela de oportunidades para realizar o seu projeto do Grande Israel, ou seja, de uma expansão territorial de Israel e de enfraquecimento dos seus adversários em todo o Oriente Médio. Ele está levando a cabo esse projeto, ainda que numa situação política precária.”
Irã teria desrespeitado obrigações relacionadas a armas atômicas
Além desse passado já conflituoso, uma resolução aprovada no dia 12 pelo Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou que o Irã não cumpriu com suas obrigações de permitir à agência inspecionar as instalações, para garantir que armas atômicas não estariam sendo desenvolvidas.
O diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, falou que o Irã estaria enriquecendo urânio a 60%. Então, Israel alegou que o Irã estaria construindo bombas atômicas, que poderiam ser usadas contra Tel Aviv. Um dia depois da resolução da AIEA, Israel atacou o país persa.
O ataque danificou instalações nucleares e fábricas de armamentos, matando altos militares e cientistas do país. O Irã negou as acusações e argumentou que usa tecnologia atômica apenas para fins pacíficos, como a produção de energia, atacando Israel de volta.
Apesar da afirmação de Israel, não há provas de que o Irã tenha armas nucleares. Por outro lado, diversas fontes ao longo da história indicaram que Israel mantém um programa nuclear secreto desde a década de 1950, tendo desenvolvido pelo menos 90 ogivas atômicas.
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