Praia do Seixas pode perder faixa de areia com obra da Prefeitura de João Pessoa, alerta Comitê


				
					Praia do Seixas pode perder faixa de areia com obra da Prefeitura de João Pessoa, alerta Comitê
Praias da Paraíba: Praia do Seixas. Foto: Angélica Nunes/Jornal da Paraíba. Praias da Paraíba: Praia do Seixas. Foto: Angélica Nunes/Jornal da Paraíba

O Comitê Científico do Projeto Preamar-PB se posicionou contrário à proposta da prefeitura de João Pessoa para a requalificação da Praça do Sol Nascente, localizada na Praia do Seixas, ponto mais Oriental das Américas. O tema foi debatido na reunião do Comitê no Ministério Público Federal (MPF) nesta quinta-feira (31).

A preocupação maior dos especialistas é com o trecho que prevê um recuo médio de cinco metros e a instalação de estruturas metálicas rígidas (como estacas-prancha) para contenção do avanço do mar. Segundo os cientistas, essa configuração trará impactos ambientais severos e irreversíveis.

Entre os alertas apresentados estão:

  • Perda da faixa de areia, tornando a praia inutilizável para banhistas e moradores;
  • Alterações na dinâmica natural do ecossistema costeiro;
  • Prejuízos à desova de tartarugas marinhas;
  • Riscos à vegetação nativa e aos corais;
  • Interferência estética e paisagística significativa na orla dos Seixas.

“A maré passará a bater diretamente nas estruturas rígidas, impedindo a deposição de sedimentos e eliminando a área de uso comum da população”, destacaram os pesquisadores.

Proposta alternativa do Comitê do Preamar

Como alternativa, o Comitê Científico defende uma proposta produzida pelo corpo de cientistas do Projeto Preamar, baseada em recuo de 15 metros, que eliminaria a necessidade de contenções rígidas.

Essa configuração permitiria:

  • A preservação da faixa de areia;
  • A implantação de uma barreira natural de restinga, vegetação típica dos ecossistemas costeiros arenosos;
  • A desaceleração da erosão marinha;
  • A proteção do solo e da biodiversidade local.

A proposta prioriza ainda o trânsito de pedestres e o reordenamento viário da região.

Comitê orienta gestor

O Comitê Científico do Projeto Preamar foi instituído por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre o MPF, o Governo da Paraíba, a Superintendência do Patrimônio da União (SPU) e os nove municípios litorâneos do estado. O colegiado tem como missão analisar e aprovar previamente quaisquer projetos de engenharia em áreas sujeitas à erosão marinha.

O TAC estabelece que nenhuma obra pode ser iniciada sem parecer técnico do comitê até a conclusão do diagnóstico ambiental integrado da zona costeira da Paraíba, ainda em andamento.

A proposta alternativa dos cientistas foi aprovada em votação entre os municípios signatários do TAC, sendo respaldada pelos princípios da precaução e da proteção ao patrimônio natural.

“O papel do comitê é fornecer dados e alternativas para que o gestor público tome a melhor decisão possível, sempre com base em evidências e com foco na preservação do bem coletivo”, destacou o procurador da República João Raphael Lima Sousa.

Prefeitura invoca cláusula de emergência

Apesar das obrigações firmadas no TAC, a Prefeitura de João Pessoa tenta classificar a obra como cláusula emergencial, com o objetivo de viabilizar sua execução antes da finalização do diagnóstico ambiental. Os especialistas criticam essa tentativa e afirmam que decisões de alto impacto não podem ser tomadas sem respaldo técnico-científico.

Em parecer técnico, o comitê também recomendou que o licenciamento ambiental do projeto não seja conduzido apenas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam), mas sim pela Superintendência Estadual de Meio Ambiente (Sudema), devido à abrangência regional dos impactos — especialmente pela conexão entre o ecossistema recifal dos Seixas e a faixa de areia da futura Praça.

Composição do Comitê Científico

O Comitê é presidido pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Paraíba (Semas-PB) e conta com representantes de instituições de ensino, como o Instituto Federal da Paraíba (IFPB) e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), dos nove municípios costeiros (João Pessoa, Cabedelo, Conde, Lucena, Pitimbu, Rio Tinto, Baía da Traição, Marcação e Mataraca), além de órgãos federais e estaduais, como:

  • Superintendência do Patrimônio da União (SPU),
  • Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
  • Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio),
  • Sudema,
  • Companhia de Desenvolvimento da Paraíba (Cinep),
  • Ministério Público Federal (MPF).

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[Jornal da Paraiba]

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