[Editado por: Marcelo Negreiros]
Frente ao risco de perdas na safra de laranja, agricultores familiares do Rio Grande do Sul solicitaram ao governo federal a compra emergencial de R$ 30 milhões em frutas. O objetivo é garantir saída para o excedente e evitar prejuízos maiores aos produtores.
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A proposta, enviada pela União das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária do Estado do Rio Grande do Sul (Unicafes-RS), prevê a aquisição do volume produzido pelas cooperativas filiadas. O limite é de até R$ 6 milhões por entidade. O pedido busca impedir o descarte de milhares de toneladas da fruta, agravado pela falta de compradores e queda de preços.
Impactos das tarifas e reações do mercado
O governo federal informou não dispor de recursos para atender ao pedido no momento. Contudo, sinalizou que analisa alternativas para mitigar os impactos econômicos sentidos pelo setor citrícola gaúcho.
No documento encaminhado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, a Unicafes-RS atribuiu a crise à incerteza gerada depois do anúncio, em julho, de possíveis tarifas de até 50% dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. O suco de laranja ficou com alíquota de 10%, mas o mercado reagiu negativamente.
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“O estrago já estava feito”, afirmou o presidente da Unicafes-RS, Gervásio Plucinski, em ofício enviado ao governo. “Em decorrência disso, faz mais de 45 dias que os negócios envolvendo a fruta – laranja estão sem qualquer sinalização de comercialização, inclusive no mercado europeu.”
Além dos obstáculos comerciais, os produtores enfrentaram geadas e frio intenso durante o inverno. Isso antecipou a queda das frutas e elevou os prejuízos. A estimativa da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural aponta crescimento de 30% na safra 2025. O total da produção será de 180 milhões de toneladas no norte do Estado.
Desafios para escoamento no Rio Grande do Sul
Sem compradores, os pomares acumulam perdas e, segundo a Unicafes-RS, as indústrias não oferecem preços capazes de cobrir os custos, nem sinalizam interesse na compra. A situação preocupa as cooperativas locais.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reconheceu a gravidade do cenário, mas disse que não possui orçamento para atender à demanda pelo Programa de Aquisição de Alimentos. “Nesse momento, a Conab não dispõe de qualquer montante orçamentário que permita atender o pleito dessa organização”, afirmou João Edegar Pretto, segundo informou o jornal Folha de S.Paulo.
A estatal sugeriu encaminhar a solicitação aos ministérios do Desenvolvimento Agrário e do Desenvolvimento e Assistência Social, que detêm os recursos do programa. Na semana passada, a Coordenação Geral de Aquisição e Distribuição de Alimentos do Ministério do Desenvolvimento Agrário informou que pode atuar na mediação com órgãos federais.
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O órgão declarou que “acolhe a demanda e se solidariza com a difícil realidade das cooperativas produtoras de laranja do norte do Rio Grande do Sul”, mas destacou que a solução depende também de outros setores.
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[Oeste]
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