Reviravolta de Lula e bate-cabeça: Oposição resolveu que seu candidato é aquele que diz não querer

[Editada por: Marcelo Negreiros]

Ainda com dificuldades para a próxima eleição, Lula agora tem narrativa e defesa, mesmo tendo um governo com baixíssimas entregas e decepcionante até mesmo para seus eleitores. Na política eleitoral, todos sempre precisam de um adversário e Bolsonaro tem o sido o melhor que Lula encontrou em toda a sua história. O PT acabado após diversos casos de corrupção, com os mensalões e petrolões, com Dilma impeachmada e Lula preso, conseguiu voltar ao poder, por falta absoluta de competência de Bolsonaro, eleito justamente com a ideia de apartá-los do poder. “Nossa bandeira jamais será vermelha” e “PT Nunca Mais” foram gritos de guerra dos bolsonaristas, que se perderam pela força da realidade. Os mais fiéis ainda insistirão em teses de urnas fraudadas e de acordo do STF, mas o fato é que essas mesmas urnas permitiram um Senado absolutamente repleto de candidatos eleitos ao lado de Bolsonaro, bem como governadores.

Tarcísio de Freitas, o mais importante dos governadores, justamente por liderar São Paulo, é um desses exemplos. Entretanto, ao mesmo tempo em que é uma solução tão óbvia para a oposição, acaba sendo tão complexo para os desejos daquele que reúne os votos da oposição. Jair Bolsonaro já deu diversas demonstrações públicas de não querer sua candidatura. Teme que a vitória de Tarcísio seja seu fim. Sem força de organização política, Bolsonaro vive da sua conexão popular e deixar alguém tomar isso, seria colocar uma pá de cal em suas pretensões políticas. O PL, de Bolsonaro, já demonstrou também estar de olho em Tarcísio. O presidente da sigla afirmou que caso o governador fosse candidato a presidente, seria pelo seu partido.

Com o prazo se aproximando e Lula se reerguendo na cadeira, a oposição parece já estar decidida do que quer, mas como diz o ditado, falta combinar com os russos. Tarcísio, sabedor do risco de ser jogado às garras dos leões, caso vire um pária para o bolsonarismo, não se movimenta. Joga parado, mas permite que joguem por ele. Com discursos evasivos sobre o Brasil, fala sempre que não é candidato e lança Bolsonaro, mesmo sabedor de que essa possibilidade é cada vez mais remota. Pesquisa da Paraná mostra seu empate absoluto com Lula, em um segundo turno. A Quaest, que aferiu 60% de aprovação para Tarcísio em seu trabalho à frente do Bandeirantes, mostrou também que ele é o melhor candidato para enfrentar o chefe do Executivo brasileiro.

A decisão da política parece tomada, mas com Lula dando sinais de melhora, Tarcísio terá que escolher seu futuro. Sua reeleição em São Paulo é muito possível e sabe que enfrentar um animal político como Lula, em sua derradeira eleição, não será tarefa fácil. Além do mais, terá que contrariar seu líder máximo, sem mostrar que está o contrariando. Um cenário muito complexo que a falta de liderança e rumo da oposição no campo da articulação gerou. A negação da política pode ser boa para discurso eleitoral, mas para a realidade do jogo, só se mostra frustrante para quem a pratica.

[Por: Estadão Conteúdo]

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