[Editada por: Marcelo Negreiros]
BRASÍLIA — O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), enviou à Corregedoria Parlamentar uma representação contra 14 deputados bolsonaristas envolvidos no motim no plenário da Casa na última semana.
A lista é composta por nomes de deputados que já foram alvo de representação por outros colegas e por outros que o próprio Motta fez. A Casa chegou a ficar 30 horas bloqueada pelos bolsonaristas, até ser liberada na manhã da quarta-feira.
Após dois dias de obstrução protagonizada pela oposição na Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Hugo Motta, retomou a cadeira Foto: WILTON JUNIOR
Além dos 14 parlamentares que atuaram para impedir os trabalhos na Câmara em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a deputada Camila Jara (PT-MS) foi denunciada por agressão pelo deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) no meio da confusão e terá seu caso analisado em uma outra representação, já que se trata de um desdobramento do motim e não da obstrução da Mesa em si. Ela nega a acusação.
O corregedor, deputado Diego Coronel (PSD-BA), que tem reunião marcada com Motta na segunda-feira, 11, deve encaminhar as representações ao Conselho de Ética. O colegiado será responsável por avaliar a punição aos deputados.
O Estadão apurou que nos casos de Marcos Pollon (PL-MS), Zé Trovão (PL-SC), Júlia Zanatta (PL-SC) e Marcel van Hattem (Novo-RS), se depender do entendimento de Hugo Motta, há chance de que sejam suspensos do mandato por seis meses. O mesmo pode acontecer com a petista Camila Jara, acusada pelo episódio com Nikolas Ferreira. Em relação aos demais, a punição mais provável é uma advertência.
Partido com o maior número de deputados entre os representados, o PL divulgou uma nota em que presta solidariedade a eles e diz que a ação teve “caráter pacífico e legítimo”.
Veja quem foi denunciado à Corregedoria
Allan Garcês (PP-MA)
Acusado de protagonizar atos que extrapolaram os limites constitucionais e regimentais da atividade parlamentar, configurando manifesta quebra de decoro parlamentar, e de agir de forma deliberada, coordenada e persistente, ocupando fisicamente as dependências da Mesa Diretora para impedir a instalação e a continuidade regular das sessões plenárias.
Bia Kicis (PL-DF)
Acusada de protagonizar atos que extrapolaram os limites constitucionais e regimentais da atividade parlamentar, configurando manifesta quebra de decoro parlamentar, e de agir de forma deliberada, coordenada e persistente, ocupando fisicamente as dependências da Mesa Diretora para impedir a instalação e a continuidade regular das sessões plenárias. Ela alega que “não existem precedentes na Casa para punição de ocupação da Mesa” e que “esse movimento sempre foi entendido como uma resistência legítima”.
Carlos Jordy (PL)
Acusado de protagonizar atos que extrapolaram os limites constitucionais e regimentais da atividade parlamentar, configurando manifesta quebra de decoro parlamentar, e de agir de forma deliberada, coordenada e persistente, ocupando fisicamente as dependências da Mesa Diretora para impedir a instalação e a continuidade regular das sessões plenárias. O deputado compartilhou a notícia sobre os 14 denunciados à Corregedoria e afirmou: “Se o preço a pagar por lutar por liberdade, contra a tirania e por justiça às vítimas do 8 de janeiro for esse, estou disposto a enfrentar com coragem e paz no coração. Minha mãe não pariu um covarde!”.
Carol de Toni (PL-SC)
Acusado de protagonizar atos que extrapolaram os limites constitucionais e regimentais da atividade parlamentar, configurando manifesta quebra de decoro parlamentar, e de agir de forma deliberada, coordenada e persistente, ocupando fisicamente as dependências da Mesa Diretora para impedir a instalação e a continuidade regular das sessões plenárias.
Domingos Sávio (PL-MG)
Acusado de protagonizar atos que extrapolaram os limites constitucionais e regimentais da atividade parlamentar, configurando manifesta quebra de decoro parlamentar, e de agir de forma deliberada, coordenada e persistente, ocupando fisicamente as dependências da Mesa Diretora para impedir a instalação e a continuidade regular das sessões plenárias.
Luciano Zucco (PL-RS)
Acusado de protagonizar atos que extrapolaram os limites constitucionais e regimentais da atividade parlamentar, configurando manifesta quebra de decoro parlamentar, e de agir de forma deliberada, coordenada e persistente, ocupando fisicamente as dependências da Mesa Diretora para impedir a instalação e a continuidade regular das sessões plenárias. O líder da oposição declarou, em nota, ser “inadmissível que agora, por agir em defesa da liberdade e contra abusos, a oposição seja criminalizada. A simples remessa de uma denúncia à Corregedoria não é sanção alguma. Pelo contrário: é mais um motivo para a direita se manter unida e intensificar a luta contra as arbitrariedades de um Estado que já não é mais democrático”.
Nikolas Ferreira (PL-MG)
Acusado de desafiar a ordem de encerramento da ocupação, mesmo diante da ameaça de atuação da Polícia Legislativa, de segurar a cadeira da presidência e se recusar reiteradamente a liberá-la, e de simular uma agressão para “gerar narrativa de vitimização pública” (sendo esta última acusação feita em representação do PT).
Marcel Van Hattem (Novo-RS)
Acusado de impedir que os integrantes da Mesa Diretora ocupassem o assento para retomar o funcionamento da Casa ao se sentar na cadeira da presidência. Partido Novo diz que a ”obstrução parlamentar é um instrumento legítimo e tradicional do jogo político, amplamente usado pela esquerda quando era oposição, sem qualquer sanção” e que Van Hattem sofre perseguição.
Marco Feliciano (PL-SP)
Acusado de protagonizar atos que extrapolaram os limites constitucionais e regimentais da atividade parlamentar, configurando manifesta quebra de decoro parlamentar, e de agir de forma deliberada, coordenada e persistente, ocupando fisicamente as dependências da Mesa Diretora para impedir a instalação e a continuidade regular das sessões plenárias. Ele afirma que “querem calar 14 de nós”: “eu sabia que lutar por justiça teria um preço, e estou disposto a pagar esse preço”.
Sóstenes Cavalcante (PL-RJ)
Acusado de protagonizar atos que extrapolaram os limites constitucionais e regimentais da atividade parlamentar, configurando manifesta quebra de decoro parlamentar, e de agir de forma deliberada, coordenada e persistente, ocupando fisicamente as dependências da Mesa Diretora para impedir a instalação e a continuidade regular das sessões plenárias. O deputado diz esperar uma análise de “equilíbrio, serenidade e justiça” do corregedor, e que a bancada vai apresentar sua defesa convicta de que o arquivamento é o único desfecho possível: “Não há, no Regimento Interno desta Casa, qualquer dispositivo que proíba o ato legítimo que realizamos nesta semana”.
Zé Trovão (PL-SC)
Acusado de tentar impedir fisicamente a subida de Motta à cadeira da presidência. A barreira foi feita com o próprio corpo, usando a perna para obstruir a escada de acesso à Mesa.
Marcos Pollon (PL-MS)
Acusado de impedir que os integrantes da Mesa Diretora ocupassem o assento para retomar o funcionamento da Casa ao se sentar na cadeira da presidência, e de ofender Motta durante um ato público em Campo Grande no domingo anterior. O deputado se defendeu com um vídeo nas redes em que diz que é autista e que não entendeu o que estava acontecendo na Mesa Diretora na hora da chegada de Motta.
Júlia Zanatta (PL-SC)
Acusada de usar a sua filha bebê como “escudo” para impedir a retomada do plenário, causando “exposição indevida a ambiente de risco e tensão institucional”. Deputada diz que levou filha porque “ela está em idade de amamentação e depende” dela: “Não a levei como escudo, como acusam os seres mais asquerosos da nossa política e aos que interpretaram de maneira errônea meu tuíte de ontem. Levei porque sou mãe”.
Paulo Bilynskyj (PL-SP)
Acusado de ser um dos protagonistas da ocupação forçada da Mesa, impedindo e restringindo o funcionamento da sessão, e também de agredir o jornalista Guga Noblat, do canal ICL Notícias. Ele publicou uma nota dizendo em que declara: “participei e continuarei a participar de todos os movimentos necessários para pautar aistia, impeachment de Alexandre de Moraes e fim do foro privilegiado.
Camila Jara (PT-MS)
Acusada de agredir fisicamente Nikolas Ferreira após a desocupação da Mesa Diretora. A deputada nega a agressão. A bancada do PT na Câmara afirmou que, “durante a confusão gerada por deputados bolsonaristas na sessão de ontem, Camila Jara, ao tentar se aproximar do presidente da Casa, Hugo Motta, apenas se protegeu do empurra-empurra iniciado por membros da extrema-direita, entre eles o Deputado Nikolas Ferreira”.
[Por: Estadão Conteúdo]
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