Se escapar do Congresso, Eduardo Bolsonaro cai no STF; o pai cai nos dois

[Editada por: Marcelo Negreiros]

O projeto de anistia para o 8/1, que nada mais é do que o salvo conduto para Jair Bolsonaro, e o destino do deputado fantasma Eduardo Bolsonaro, no Congresso e na Justiça, estarão no topo das preocupações políticas em mais uma semana daquelas, com a reabertura do Congresso, a sociedade radicalizada e a expectativa da entrada do tarifaço em vigor no dia 6, quarta-feira.

O foco e as pressões estarão nos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, que estão no fio da navalha, sob a pressão dos bolsonaristas, pela anistia, e dos lulistas, pela cassação do mandato de Eduardo Bolsonaro, que trocou os votos pelas armas e está na linha de frente dos ataques de Donald Trump ao Brasil.

Alcolumbre e Motta são legítimos líderes do Centrão e quem manda no Congresso é o Centrão, da direita não tão ideológica, muito mais fisiológica, cuja grande expertise é detectar tendências e sentir os ventos para concluir de que lado estão as maiores vantagens, as emendas, os cargos…

Jair Bolsonaro (PL) e o filho Eduardo Bolsonaro enfrentam acusações no STF Foto: Jair Bolsonaro via YouTube

Justiça se faça, porém. Isso não significa que Alcolumbre, Motta e os partidos do Centrão apoiem tarifaço, ataques de Trump ou golpes de Estado. O melhor exemplo é Arthur Lira, ex-presidente da Câmara e patrocinador de Motta à sua sucessão. Às emendas e aos cargos, tudo! Golpe, jamais!

Durante toda a articulação contra as urnas eletrônicas, o resultado das eleições e a posse de Lula e Alckmin, Lira traçou uma linha no chão e avisou a quem quisesse ouvir, inclusive a enviados do general Braga Netto, conforme importante furo de reportagem do Estadão, ainda em 2021: “Daqui não passo”, reagiu E não passou.

Braga Netto, então ministro da Defesa, depois candidato a vice na chapa de Bolsonaro, mandou um lambe-botas ameaçar o Congresso, dizendo que, sem “votos impressos e auditáveis”, não haveria eleição. Uma ameaça, aliás, que o próprio Bolsonaro verbalizaria pouco depois. O tiro saiu pela culatra.

Desde então, Lira, em aliança com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, comandou o Congresso na linha da democracia. A implantação do voto impresso, que não se justificava tecnicamente, custaria caríssimo aos cofres públicos e tumultuaria o processo eleitoral àquela altura, foi derrubada no mesmo dia em que os tanques velhos e fedorentos da Marinha desfilaram na Praça dos Três Poderes para intimidar os parlamentares. Não por coincidência, o então comandante da Força, almirante Almir Garnier, se destaca agora entre os réus pelo golpe.

Tudo isso para dizer que, com todos os defeitos que tenham, como Arthur Lira tem, não é provável que Alcolumbre e Motta se unam aos radicais para anistiar quem atentou contra a democracia. Na pior, ou melhor, das hipóteses, podem ficar em cima do muro quanto à cassação de Eduardo Bolsonaro, que tem pilhas de motivos, mas pode não ser conveniente e daria um certo verniz de “equilíbrio”. Uma no cravo, outra na ferradura.

Quanto à aberração do uso da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes, os presidentes da Câmara e do Senado têm muitos outros bons motivos para ficar do lado do relator do golpe e do próprio Supremo. O maior e mais perigoso desses motivos são as emendas, as investigações, os desvios. Quem tem foro privilegiado depende do Supremo, lembram?

Aliás, um dos erros gritantes de Eduardo Bolsonaro foi cutucar a onça com vara curta, ao dizer publicamente que Hugo Motta tinha se comprometido com a anistia, mas recuou depois de uma batida da PF, por desvios de emendas parlamentares, no município da Paraíba em que o pai dele é prefeito. Mexeu com os brios, com a família e afastou Motta de vez.

E, no caso do mandato do ativista anti-Brasil, a questão não é exclusiva do Congresso, é também do Supremo, da PGR e da PF, que estão de olho em Eduardo Bolsonaro e no blogueiro Paulo Figueiredo por, basicamente, conspirarem contra o Brasil no exterior. Se escapar do Congresso, o 03 dificilmente escapa do Judiciário. Já o pai Jair não escapa nem de um nem de outro, apesar das cartas, das ameaças e das armas poderosas de Donald Trump.

[Por: Estadão Conteúdo]

Source link


Descubra mais sobre

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Comente a matéria:

Rolar para cima