Silas Malafaia transforma púlpito em palanque político e ataca instituições democráticas

É preocupante — e ao mesmo tempo lamentável — a cruzada político-partidária conduzida pelo pastor Silas Malafaia, uma das figuras mais midiáticas da Assembleia de Deus. Ao utilizar o púlpito como palanque, Malafaia desvirtua o verdadeiro papel da igreja, ferindo a missão espiritual e o compromisso ético com os fiéis que confiam na instituição religiosa.

O episódio mais recente dessa atuação controversa ocorreu no último domingo, 6 de abril, em São Paulo, onde o pastor promoveu mais um evento de conotação política, travestido de culto. Na ocasião, Malafaia protagonizou um verdadeiro espetáculo — que mais se assemelha a um ato circense — em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro e da chamada “cruzada pela anistia”, cujo objetivo é, na prática, blindar Bolsonaro das acusações que enfrenta no Supremo Tribunal Federal por liderar uma suposta organização criminosa e atentar contra o Estado Democrático de Direito.

Silas Malafaia, que há muito tempo busca os holofotes da política, não poupou ataques ao ministro Alexandre de Moraes, do STF. Suas declarações, em tom agressivo e sem qualquer embasamento jurídico ou argumentativo, ultrapassaram os limites da crítica legítima e beiraram a incitação à desordem institucional.

Falta-lhe, claramente, preparo acadêmico e jurídico para formular críticas construtivas. Em vez disso, opta por uma retórica inflamável, marcada por ataques pessoais, palavras de baixo calão e um discurso polarizador que pouco contribui para o debate público — e nada acrescenta ao amadurecimento democrático da sociedade brasileira.

Ao atacar de forma direta o ministro que relata os processos relacionados aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 — data marcada pela tentativa de ruptura institucional após a derrota de Bolsonaro nas urnas —, Malafaia mostra-se mais como um agitador político do que como um líder religioso. Seus discursos inflamados e moralmente questionáveis revelam um perigoso desprezo pelas instituições democráticas do país.

É urgente que o comportamento do pastor seja observado à luz do ordenamento jurídico. A liberdade de expressão não pode ser confundida com discurso de ódio ou incitação ao desrespeito às instituições que sustentam a ordem constitucional brasileira.

Por: LR


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