O tucano cogitou desistir de disputar o Palácio do Planalto; Rodrigo Garcia assume o cargo de Doria e será candidato ao governo de SP

São Paulo – Governador de São Paulo, João Doria (PSDB) anunciou nesta quinta-feira (31/3) que vai disputar a Presidência da República. Por isso, transmitiu o cargo ao vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB).

Publicidade

Com a saída de Doria, Garcia assume o governo com a intenção de usar a máquina governamental para impulsionar sua candidatura ao Palácio dos Bandeirantes.

Na noite da última quinta (30/3), Doria havia sinalizado que desistiria do pleito federal e que permaneceria como governador, instaurando uma crise entre os tucanos, como antecipou o colunista Igor Gadelha. Também como adiantou o colunista, o impasse foi abafado após o PSDB divulgar uma carta em apoio a Doria.

“Sim. Serei candidato à Presidência da República pelo PSDB”, disse Doria.

Na cerimônia de transferência do cargo, Rodrigo Garcia falou em tom amistoso a Doria, disse que hoje o dia é dele e que lhe deseja foco, força e fé.

“Era necessário sim uma liderança forte, uma bússola para que aquele caminho de escuridão que era a pandemia. Ninguém está aqui para dizer adeus, mas sim um até breve, porque o que você fez em São Paulo fará no resto do Brasil. Estamos aqui por você.”

Desistiu, mas voltou atrás

Estava tudo combinado para Doria passar o bastão do governo de São Paulo para Garcia nesta quinta. Na noite da última quarta-feira (31/3), no entanto, ele informou seu vice e outras pessoas próximas de que desistiria da disputa ao Planalto, pegando a todos de surpresa.

Muitos secretários e aliados de Doria só souberam da desistência na manhã desta quinta. Na sequência, houve mobilização de aliados em horas de negociação para tentar convencê-lo a mudar de ideia.

Os reforços vieram de todos os lados, como dos deputados estaduais – Cauê Macris foi um deles –, federais – Joice Hasselmann é um exemplo – e do presidente nacional do partido, Bruno Araújo.

O pano de fundo da desistência é um resquício da competição que não foi concluída com o resultado das prévias tucanas realizadas em novembro do ano passado: uma ala pró-Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, trabalha para conseguir substituir o paulista pelo gaúcho como candidato federal do PSDB.

Doria vinha se sentindo desprestigiado, segundo pessoas próximas, com essas tentativas, principalmente porque elas foram ganhando força com a falta de um posicionamento contundente de Araújo a seu favor. As especulações na imprensa sobre a ascensão do gaúcho lhe incomodaram. Ao mesmo tempo, o baixo desempenho nas pesquisas de intenção de voto também o desmotivou a seguir na empreitada.

O paulista então anunciou, dentro do governo, que não iria mais concorrer à Presidência, e que não iria mais entregar seu cargo para Garcia – que ficou abalado com a notícia. Foi necessária uma corrida contra o tempo dentro do PSDB e do governo para fazer Doria recuar.

Araújo divulgou uma carta respaldando o pré-candidato, auxiliares afirmaram que ele tem chance de crescer nas pesquisas, e lhe prometeram respaldo. Também argumentaram que Garcia não poderia faltar com o combinado com Garcia e frustrar a expectativa de ele assumir o governo, já que ele sempre foi fiel a Doria e que deixou o DEM pelo PSDB a pedido do próprio governador. Horas de reunião depois, os apelos surtiram efeito.

Matéria de

Hyndara Freitas

Daniel Haidar para Metrópoles

By Marcelo Negreiros

Jornalista militando na profissão desde 1985, trabalhando nas TVs Paraíba e Cabo Branco, afiliadas Rede Globo na Paraíba, durante 15 anos. Diplomado em 2001 pelas Faculdades Integradas de Patos.

Comente a matéria: