O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ficará afastado das movimentações em Brasília nos próximos dias para participar do Conselho do Mercado Comum do Mercosul, em Buenos Aires, capital da Argentina.
A viagem do ministro ocorre em meio à escalada da tensão entre Executivo e Legislativo, agravada nos últimos dias com a derrubada do decreto que aumentava as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Haddad embarca para Buenos Aires às 14h desta terça-feira (1º/7), com chegada prevista às 17h (horário de Brasília. A expectativa é que o principal tema do encontro dos ministros de Economia e presidentes de bancos centrais do países-membros do Mercosul seja a passagem de presidência rotativa do bloco da Argentina para o Brasil.
Entenda o que é o Mercosul
- O Mercosul é um bloco político e econômico da América do Sul, que visa fazer a integração regional entre os seus membros.
- Um dos principais objetivos é avançar o livre comércio, tanto de bens, como de serviços e outros setores produtivos.
- O Mercosul é composto por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. A Bolívia está no processo de integração, que pode levar até quatro anos para estabelecer a sua entrada no bloco.
- Além dos países membros, o Mercosul possui aquelas nações associadas, como Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Panamá, Peru e Suriname.
- Segundo o Ministério das Relações Exteriores, entre janeiro e maio de 2025, o intercâmbio realizado entre os membros do Mercosul foi de R$ 17,5 bilhões.
- O Brasil assume agora a presidência do bloco e tem como propósito alavancar o comércio no setor automotivo e açucareiro.
O auxiliar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também deve avançar nas negociações do acordo entre Mercosul e União Europeia (UE). Interlocutores consideram a reunião como “decisiva” para consolidação do tratado comercial.
Nesta quarta-feira (2/7), Haddad terá uma reunião bilateral com o ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo. Às 14h30, ele retorna ao Brasil, mas para o Rio de Janeiro, onde participa da cúpula dos Brics.
Já no Rio de Janeiro, o ministro terá uma série de reuniões bilaterais com autoridades de países como China, Rússia, Egito e Emirados Árabes Unidos.
Entre os possíveis temas na mesa de debates, estão o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), também conhecido como “banco dos Brics”, e a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém, capital do Pará.
Relação entre Congresso e Planalto fica estremecida
As últimas propostas da equipe econômica não têm agradado o Congresso Nacional. A elevação das alíquotas do IOF foi um dos pontos de maior atrito entre o governo federal e os parlamentares.
No início das negociações entre Planalto e Congresso, os presidentes das Casas chegaram a sinalizar apoio às alternativas para reverter parte do aumento do IOF. No entanto, dias depois, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), mudou a postura e começou a se opor às propostas do Executivo.
Já enfraquecido, o decreto do IOF não vingou e foi derrubado por um decreto legislativo na semana passada. A Advocacia-Geral da União (AGU) deve judicializar a questão do IOF e arrisca piorar a relação entre os dois poderes.
Agora, a equipe econômica do presidente Lula precisa decidir se faz novos congelamentos no orçamento ou apresenta outras estratégias, como medidas relacionadas à arrecadação, ao corte de gastos, ou ambos – aos parlamentares.
Na tentativa de cumprir a meta fiscal do lado das despesas, o governo federal anunciou, em 22 de maio, o congelamento de R$ 31,3 bilhões, sendo R$ 10,6 bilhões em bloqueio e R$ 20,7 bilhões em contingenciamento.
A equipe econômica deve informar se fará novos cortes no Orçamento da União (bloqueios ou contingenciamentos) em 22 de julho, quando tradicionalmente é divulgado o relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas.
A meta fiscal deste ano é de déficit zero (equilíbrio entre despesas e receitas), com intervalo de tolerância que permite saldo negativo de até R$ 31 bilhões. Isso porque o arcabouço fiscal permite um rombo de até 0,25% do PIB.
Confira a agenda de Haddad
— Terça-feira (1º/7)
- 14h – partida de Brasília;
- 17h – chegada a Buenos Aires.
— Quarta-feira (2/7)
Local: Palácio San Martín
- 8h30 até 9h55 – reunião de Ministros de Economia e Presidentes de Bancos Centrais dos Estados Partes do Mercosul;
- 10h30 até 11h – reunião bilateral com Ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo; e
- 14h30 – partida de Buenos Aires ao Rio de Janeiro.
— Quinta-feira (3/7)
Local: Hotel Fairmont Copacabana
- 15h até 16h – reunião bilateral com ministro das Finanças da China, Lan Fo’an; e
- 17h até 18h – reunião bilateral com ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov.
— Sexta-feira (4/7)
Local: Hotel Fairmont Copacabana
- 9h40 até 13h – seminário de alto nível do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB);
- 13h até 14h – almoço dos governadores do “Banco dos Brics”; e
- 19h até 20h – jantar oferecido pela Prefeitura do Rio de Janeiro.
— Sábado (5/7)
Local: Hotel Fairmont Copacabana
- 8h30 até 9h – reunião bilateral com ministro das Finanças do Egito, Ahmed Kouchouk;
- 9h até 12h30 – 10ª Reunião Anual do Board de Governadores do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB);
- 12h30 até 13h30 – almoço dos governadores do NDB;
- 13h30 até 14h – reunião bilateral com ministro das Finanças dos Emirados Árabes Unidos, Mohamed bin Hadi Al Hussaini; e
- 14h até 18h – reunião de ministro das finanças e governadores de Bancos Centrais dos Brics.
— Domingo (6/7) e Segunda (7/7)
Local: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM)
- Integra comitiva do presidente da República, na cúpula de líderes dos Brics.
[Metrópoles]
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