Tarifaço dos EUA aumenta indefinição sobre candidato da direita na disputa pelo Planalto em 2026

[Editada por: Marcelo Negreiros]

A imposição de uma tarifa de 50% dos Estados Unidos contra o Brasil deve ter efeitos políticos relevantes. Ao reforçar a pressão externa sobre as instituições brasileiras, o episódio tende a reforçar em Bolsonaro a convicção de que deve manter sua candidatura até o fim. Em vez de preparar o terreno para um sucessor, ele pode se sentir estimulado a resistir, mesmo diante de uma provável condenação ou prisão.

Essa postura dificulta a articulação de uma transição organizada para o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ou qualquer outro nome. Para viabilizar sua candidatura, Tarcísio precisaria do endosso explícito de Bolsonaro até abril de 2026, prazo legal para filiação partidária e desincompatibilização. O relógio joga contra ele.

Encontro de Jair Bolsonaro com Donald Trump em 2020 Foto: Alan Santos/Presidente da República

A sanção contra o Brasil, porém, não deve melhorar o panorama jurídico de Bolsonaro. Pelo contrário: a tendência do Supremo Tribunal Federal (STF) é considerar medidas externas como interferência indevida e manter seu curso.

O próprio Eduardo Bolsonaro, envolvido diretamente na articulação pelas sanções contra o Brasil, passa a correr um risco maior de cassação, o que o tornaria inelegível. Nesse cenário, um nome que ganharia força como possível sucessor é o de outro filho, Flávio Bolsonaro, que sempre teve mais apoio de caciques do Centrão do que o irmão mais novo.

É importante notar que a tarifa pode ficar por um longo tempo. Diferentemente de outros países que sofreram pressão aguda de Trump, o caso brasileiro tem um componente político muito forte, que dificulta concessões.

Para Lula e o PT, a resposta natural é insistir na polarização e jogar o desgaste das tarifas no colo de Bolsonaro. Não é algo que necessariamente aumente a aprovação do governo, embora isso seja possível. No mínimo, a briga mantém a militância mobilizada.

Nesse quadro, a eleição de 2026 segue em aberto, com um componente adicional de incerteza sobre a candidatura da direita. Não se pode descartar, inclusive, o surgimento de candidaturas alternativas, como foi a de Pablo Marçal, em São Paulo, em 2024. Quanto mais fragmentado e desarticulado for o conjunto de candidaturas, maior a chance se que isso aconteça.

[Por: Estadão Conteúdo]

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