[Editado por: Marcelo Negreiros]
O vice-governador de São Paulo, Felício Ramuth, afirmou que a sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos às exportações brasileiras representa uma resposta direta do governo Trump à política externa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em entrevista ao programa Arena Oeste desta quinta-feira, 10, Ramuth declarou que “Trump errou na forma”, mas disse compreender a motivação por trás da medida, pois a considera uma reação às posturas adotadas pelo governo federal em foros internacionais.
Segundo Ramuth, a taxação impacta diretamente o Estado de São Paulo, responsável por um terço das exportações brasileiras aos EUA. Ele citou setores como o agronegócio e a indústria de alto valor agregado, como a aeroespacial do Vale do Paraíba, como os mais afetados.
“Os EUA são o maior parceiro de exportações do Estado de São Paulo”, lembrou. Ao comentar o gesto do governo norte-americano, ressaltou: “Foi uma reação do presidente Trump às ações do governo Lula, em especial do presidente, não só por aquilo que ele vem fazendo do ponto de vista geopolítico, mas também pela última reunião do Brics”.
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Na avaliação de Ramuth, o erro do presidente norte-americano foi unir a retaliação comercial a críticas à atuação do Supremo Tribunal Federal e à condenação de Jair Bolsonaro. “A forma poderia ter sido outra”, observou.
“Ele poderia ter deixado isso numa outra manifestação e não ter unido esta taxação de 50% ao posicionamento dele em relação ao presidente Bolsonaro”, avaliou. Ainda assim, o vice-governador considera que há espaço para reverter o cenário por meio de negociações diplomáticas. “Agora é a hora da diplomacia entrar.”
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Ele destacou que o governador Tarcísio de Freitas já acionou canais com a embaixada dos EUA, embora tenha reforçado que a condução deve caber ao governo federal. Segundo Ramuth, se a tarifa for mantida até 1º de agosto, a equipe da Secretaria da Fazenda paulista estudará formas de mitigar o impacto sobre as indústrias atingidas.
Para Ramuth, as declarações de Lula, como a que chamou Trump de “xerife do mundo”, agravam a tensão diplomática. “É uma retórica de um presidente que tem feito uma administração desastrosa e precisa buscar nos inimigos externos justificativa para justificar a sua incompetência em gerir o nosso país”, e acrescentou: “Mais um inimigo externo que se apresenta”.
Perguntado sobre o isolamento do Brasil e de São Paulo em meio ao cenário geopolítico, Ramuth responsabilizou diretamente a política internacional conduzida pelo Palácio do Planalto e pelo Ministério das Relações Exteriores.


“Essa decisão do Trump de fato se deu pelo posicionamento geopolítico dos últimos meses que o Brasil tem tomado, fruto da ação do presidente Lula”, afirmou. “É um desserviço para a nação procurar, através de uma narrativa, justificar erros do próprio presidente.”
Embora tenha reconhecido que a taxação é prejudicial para a economia paulista, o vice-governador insistiu que o país precisa demonstrar que há uma distinção entre o atual governo e os interesses da população brasileira. “O país respeita a liberdade, a gente percebe que o cidadão brasileiro quer isso, assim como os EUA, um exemplo de economia livre”, afirmou.
Para ele, o episódio da taxação norte-americana reforça a necessidade de reposicionar o Brasil na cena internacional e reafirmar compromissos com economias livres. “O problema não é o mercado, é o supermercado”, afirmou, em crítica aos efeitos internos da condução econômica do governo federal.
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[Oeste]
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