Trump embola minerais, desmatamento, STF, big techs, tarifas e mexe com Defesa e Segurança Nacional

[Editada por: Marcelo Negreiros]

Sem diálogo, sem canais e com perspectivas ruins, as tentativas do Brasil para resistir ao início do tarifaço de Donald Trump, em primeiro de agosto, entram na reta final resvalando para um terreno literalmente sensível, que divide opiniões, inclusive, entre Itamaraty e Forças Armadas: a exploração de minerais críticos, ou das chamadas terras raras.

O Brasil é o segundo País nessas riquezas minerais, só atrás da China, mas praticamente nunca explorou seu subsolo e suas potencialidades. E agora? Isso pode entrar na negociação com Trump, que já vinha usando o poder dos EUA e sua expertise em chantagem para botar a mão nas terras raras da Ucrânia e da Groenlândia e acaba de incluir o Brasil na mira.

Além da área ambiental, as Forças Armadas já tinham uma pulga atrás da orelha, como registrou Marcelo Godoy no nosso Estadão, diante da inclusão de “desmatamento” na Seção 301, que investiga o Brasil em várias frentes, sob ameaça de sanções. O sinal de alerta piscou também no Itamaraty e todos, militares e diplomatas, tentam entender as reais motivações de Trump.

Donald Trump ouve jornalistas no Aeroporto de Prestwick, em Ayrshire, na Escócia. Foto: Jacquelyn Martin/AP

A dúvida faz sentido, até porque ele tirou os EUA do Acordo de Paris, desdenha do aquecimento global não dá a mínima para a preservação de florestas. A conclusão é que, tanto no caso do “desmatamento” quanto no das terras raras, como tudo que envolve Trump, o que conta são os negócios e os lucros – nem só dos EUA, mas dele e sua família.

Há, porém, duas percepções diferentes nessa mesma linha. Para os militares, a inclusão ardilosa do “desmatamento” remete à tese da internacionalização da Amazônia, acalentada historicamente por EUA e Europa, sob o argumento de que o Brasil não teria condições de cuidar do “pulmão do mundo”. Já para os diplomatas, o interesse é mais direto: quanto mais desmatamento, melhor para pastos, plantações de soja, milho… Ou seja: mais competição para os EUA, que são grandes produtores agrícolas e de carnes.

Os minerais críticos cabem nesse balaio, enrolado na bandeira da soberania nacional, junto com “o petróleo é nosso”, “as riquezas naturais são nossas” e “o mar territorial é nosso”. Por isso, incluir uma negociação sobre exploração de terras raras no ataque de Trump, junto com tarifas, big techs, Brics e processo contra Jair Bolsonaro pode não só não ser suficiente contra os 50%, como encontrar forte resistência interna. Lula já gritou: “Aqui ninguém põe a mão!”

Se há algo capaz de unir as esquerdas, as Forças Armadas e as massas, é o nacionalismo, como Hugo Chavez exercitou ao máximo na Venezuela. Portanto, incluir na negociação com Trump as reservas de lítio, nióbio e outros minerais estratégicos para radares, navegação aeroespacial, satélites e chips tende a levar a discussão do campo comercial para o econômico e dali para o político – num nível muito acima do prender ou não Jair Bolsonaro.

[Por: Estadão Conteúdo]

Source link


Descubra mais sobre

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Comente a matéria:

Rolar para cima